Um suicídio homeopático
Uma das mais irritantes características do ser humano é a falta de objetividade. Quando um problema lateja a nossa frente, ao invés de ir direto nele, nós damos 20 voltas para não irmos direto onde “dói”. E aí, no final, dói mais ainda.
Toda hora uma emissora, um jornal ou uma revista quebra, manda 200 embora e gera comoção entre os coleguinhas. Você abre a rede social e lá estão outros milhares contando histórias da época que trabalharam lá, dizendo ter sido uma escola, blá, blá, blá.
E quantos de nós, jornalistas, de fato combatem o mau jornalismo para evitar seu fim? Quantos tem coragem de parar de falar no corredor e dizer abertamente o que estamos fazendo de errado pra justificar tamanha descredibilização e, por consequência, a falência?
Vocês acham normal que no meio de um cenário onde o ministro da economia alerta sobre o caos financeiro, onde deputados covardes dizem que não podem aprovar a reforma pra não reeleger fulano, onde o país faz uma estúpida guerra entre lados contra a própria pátria que a porra do namoro do Lula seja a capa dos sites, jornais e tema relevante em noticiarios?
Espero que não. Mas é.
A irrelevância midiática é reflexo da irrelevância do que ela escolhe como pauta. É o Caetano atravessando a rua, é a Carla Peres na praia e, porque não, na página de política, a namorada nova do Lula.
Lula que, lembrando, não é um político qualquer. É um dos líderes da quadrilha que deixou o Brasil na situação que se encontra. Ou seja, deveria ser tratado como um inimigo não como celebridade. Muito menos sua vida íntima nos dizer respeito.
Você assiste a tudo isso em meio a um claro complô orquestrado da mídia e amanhã se pergunta porque não está mais dando certo. Porque as poderosas emissoras não tem mais dinheiro nem influenciam como antes. Ora, porque você acha?
O povo é burro? Muito. Vai consumir. Mas na medida em que outras formas de conteúdo surgem, e a internet é a mãe disso tudo, fica evidente que o conteúdo é ruim, direcionado pro povo mais burro possível exatamente para tentar manter parte do rebanho.
Mas amanhã, quando essas emissoras mandarem 400 embora, você verá um show de lamentações dos colegas nas redes sociais. Quando era mais fácil tentar evitar o fim do que restou da credibilidade jornalistica no Brasil. Se é que ainda há alguma.
RicaPerrone