FutebolSeleção Brasileira

Vazio

Aqui, Pacaembu! Das cadeiras do estádio eu coloco no ar este post num estado não tão equilibrado. Confesso, estou emocionado em ver tanta gente orfão ao mesmo tempo.

Ele está ali, dando tchau pra torcida que o aplaude em pé. Enquanto isso a seleção desce pro vestiário com jogadores, promessas, talento, mas sem referência.

Acabou. Ronaldo não é mais jogador da seleção do Brasil.

Ficará um vazio enorme que, talvez, venha a ser preenchido por outro “fenômeno” com a mesma camisa 9. Ou, talvez, por um destes que estão no vestiário ouvindo o Mano agora mesmo.

De Careca pra Romário, de Romário pra Ronaldo, de Ronaldo, vazia.

Não tente me convencer pois nem meu mais eufórico e pacheco otimismo indica que verei algo parecido tão cedo.

Ronaldo foi um gênio, daqueles que passam como cometas. Talvez daqui 10 anos, talvez 20, talvez nunca mais.

Melhores, talvez! Piores, com certeza. Iguais a Ronaldo, acho que não mais.

O futebol quebra joelhos de jogadores que unem velocidade a técnica. O futebol tem memória curta e já está cheio de gente procurando em promessas uma comparação patética com Reis do futebol.

Amanhã, quando a promessa talvez não estiver em boa fase, lembrarão de Ronaldo e tantos outros que, alternando bons e maus momentos, sempre foram brilhantes e decisivos.

Ronaldo pede a bola. Ronaldo controla a bola. Ronaldo sabe onde encontrá-la.

Ronaldo fala com o público de forma única, mesmo sendo tímido. Um fenômeno de comunicação com dificuldades para dar entrevista. Pode isso? Ele fez poder.

“Ele me traiu!”, chora o rubro-negro. “Ele é da Fiel”, comemora o alvi-negro.

“Ele parou”, lamenta o mundo inteiro.

Essa camisa aí em cima está sem ninguém de propósito. É assim que ficamos nesta noite de forma oficial. Até janeiro de 2010 Ronaldo pensava em ser o 9 da Copa. Em janeiro de 2011 ele terminava uma história. Em junho, confirma e transforma palavras em fatos.

Como num velório, você precisa ver pra acreditar. E ele parou mesmo.

Neymar pode vir a ser mais que Ronaldo, mas não é. Messi pode tentar ser, mas não é. Talvez amanhã esteja nascendo um Ronaldo numa favela carioca, talvez ele já tenha seus 13 ou 14 anos.

Talvez.

Eu não sei o que é fazer mais do que 2 ou 3 pessoas felizes. Se fazer um é especial, fazer 10 deve ser incrível. Fazer 200, fantástico. E fazer 190 milhões de pessoas felizes deve ser algo absolutamente inexplicável.

Ele fez. E por ter feito, merece um aplauso interminável, chato, irritante, “baba-ovo”, “pela-saco”, ou a expressão que você costuma usar.

Eu sei, você pode ser da turma que chupa limão quando acorda e procurar o lado “azedo” da coisa. Mas acredite, está perdendo tempo e uma oportunidade.

Hoje, aqui no Pacaembu, o futebol virou uma das suas mais belas páginas.

E se pra você isso é “exagero”, “muito auê” e até “puxação de saco”, vá dormir. Deite e sonhe com algo grandioso.

Aqui, aplaudimos quem, de fato, fez.

abs,
RicaPerrone

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