Um vilão nos conforta
Ao final de todo campeonato onde não conquista-se o títulos procura-se um vilão. E mesmo que a culpa seja devidamente dividida entre as partes, sempre haverá “o vilão”.
Botafogo e San Lorenzo não foi um daqueles jogos que faz o torcedor se lembrar do arbitro. Um 3×0 impiedoso, pouco discutível e bastante revoltante. Não fosse isso, o penalti do Maracanã seria o “vilão”.
Não será. Pois a falta de futebol do time numa decisão foi pior do que o erro do árbitro. E na dificuldade de se achar o pior deles, vai no treinador, que de fato não tem nenhuma credencial para o cargo que ocupa.
Mas se o time é fraco, então isenta-se o treinador, não?
Não.
Culpamos também a diretoria, que desmontou aos poucos um bom time até chegar no pior Botafogo dos últimos anos, curiosamente quando ele mais precisava e justificava investimento.
Problemas de dinheiro, o telhado do Engenhão, as penhoras na justiça. Ninguém deixou de investir porque quis. Quis o destino que faltasse o dinheiro agora. E não, eu não vou achar que o Mauricio tenha derrubado o teto do estádio, nem mesmo penhorado o dinheiro do clube por dívidas que começaram quando ele nem sequer sonhava em existir.
Não foi o Jorge Wagner, nem o Henrique, menos ainda o El Tanque. Este, coitado, é o piorzinho de todos e acabou “absolvido” pela correria.
Justo.
São tantos culpados para uma situação desenhada de véspera e todos eles com bons argumentos para se defender.
O vilão mais comum, a torcida, desta vez, não pode ser indicado ao prêmio. Ao contrário, foi “o melhor em campo” no torneio, surpreendentemente. E agora, cheia de argumentos, vai voltar pra toca e se recusar a acreditar tão cedo.
Ah, Botafogo… é tão difícil te entender. Imagine te explicar.
Era pra ser “o juiz”, como sempre. Mas desta vez os candidatos são tantos e tão qualificados ao prêmio de “vilão” que é preocupante não encontra-lo.
Quando a raiva não pode ser transferida para um terceiro, reflete no clube. E aí sim, quando não há um vilão, devemos nos preocupar.
Esta noite enche de razão milhares de pessimistas alvinegros que tanto defendem seu direito a dúvida.
É mesmo pra se duvidar até o fim. Sempre.
abs,
RicaPerrone