Em casa
O Engenhão não diz nada ao rubro-negro. É fácil perceber que ali nunca foi sua casa e nem será, seja pelo tempo que for.
Longe dali, deixam seu atual Flamengo ainda mais mediocre. Sem seus fiéis, Flamengo é apenas Flamengo. Com eles, no Maracanã, surge o tal poderoso Flamengo.
Se não tem o Maraca, que seja no Engenhão. Mas que seja onde for, sozinho, nunca foi nada. E nem será.
Flamengo não é um time de massa. É uma massa que só funciona quando misturada. Sozinha a torcida não existe, e sem ela, o clube é só um zoneado campeão carioca.
Tem time que precisa de líder, camisa 10, zagueirão, goleirão, diretoria, grama perfeita… e tem o Flamengo, que precisa apenas se sentir Flamengo.
Quando volta pro segundo tempo, após 45 minutos medonhos, sua torcida vaia. Em menos de 20 segundos, num surto bipolar raro, nota o erro e se levanta. Sozinha, sem uma “causa” evidente, muda de idéia.
As vaias viram incentivo, as músicas não citam torcidas, só “Flamengo”. Do camarote ao que ganhou o mais barato dos ingressos, todos passam a jogar. Ali sim, temos o tal Flamengo.
Arrebentado, sem um grande time, sem nenhuma tática, aquele mesmo time do primeiro tempo enche o peito e se sente, de fato, Flamengo.
O Grêmio, que não é cego, nota. Recua, enxerga que não está mais diante daquele nanico vestido de rubro-negro do primeiro tempo. Ali, agora, está o Flamengo.
E quanto mais Flamengo, mais eles pulam, gritam e empurram. Quanto mais empurram, mais Flamengo fica.
Empata, só não vira por detalhes. E viraria pra cima de um time, hoje, muito mais forte que o dele. Mas em casa, acompanhado da trilha sonora que lhe faz poderoso, não existe nada mais forte que o tal Flamengo.
Quando eles correm, eles empurram. Quando empurram, acreditam. E quando alguém acredita no Flamengo, ele acha razão pra ser o que é.
Por 45 minutos que sequer deram uma vitória, o flamenguista viu de volta o seu Flamengo.
Aquele. Lembra?
Bastou. Aplausos, porque aqui passou o tal Flamengo.
abs,
RicaPerrone