Copa do MundoSeleção Brasileira

A causa, a consequëncia… e agora?

Dizem que decepções fortes podem causar doenças. Que magoa e muita dor ajudam a desenvolver coisas ruins.

Nas Copas de 82 e 86 o Brasil foi jogar futebol e não conseguiu ganhar por detalhes.  A dor das derrotas fez com que o povo procurasse vilões e através da imprensa estereotipasse  um formato de correção de rumos.

Para estes, acreditem, o ideal era buscar um futebol mais competitivo e menos técnico. O modelo europeu, talvez.

Em 1991 surge na seleção um preparador físico que fala bonito, tem bom relacionamento com os chefes e que pensa “diferente”.  Fala outra língua, diz que estudou tática na casa do caralho e que vai revolucionar o futebol brasileiro.

Fecha o time, faz uma eliminatória sofrível, se complica até o último jogo quando o talento brasileiro veio salvá-lo contra a sua vontade.  Era Romário, o baixinho que não marcava ninguém, explicando pra Parreira que futebol se ganha jogando bola.

Dali pra frente Romário consagrou o treinador.  De 1995 em diante, por causa de 7 jogos sofridos e resolvidos no talento individual de jogadores diferenciados, Parreira virou um nome top.

Isso faz 20 anos. De lá pra cá ele foi demitido de todos os clubes que passou fazendo péssimos trabalhos em todos eles. Talvez porque Romário tenha parado, talvez porque sua tese seja um atraso com roupa de evolução.

Depois da “vitória” de Parreira vieram as metastases da doença. Muricy, Roth e tantos outros que nem sabem falar “problema” e “drible” sem trocar o “erre”, mas que gritam, enfiam 11 na defesa e acham uma bola parada como poucos.

E lá estava o futebol brasileiro entregue ao estilo europeu. Lançando volantes, zagueiros, brucutus e discutindo a altura dos meninos para revelar ou não um talento.

Este sujeito que se postou com cara de herói nacional não passou do maior atraso da história do futebol brasileiro. Até hoje, vivendo do que Romário lhe deu, caga regras que nem ele consegue cumprir.   Faz showzinho na coletiva, determina o que é certo ou errado com cara de nojo.

Parreira é o retrato do que a mídia transformou o futebol após as derrotas da década de 80.

Veio a fase vitoriosa e com ela as raras contestações de como se jogava.

Chegamos ao ponto de ter em Muricy, o homem que odeia futebol, a referência nacional.  E hoje, porque perdemos um jogo numa pane mental e não técnica, achamos que tudo está errado.

Pode até estar. Mas é culpa nossa. Nós pedimos por Parreiras, nós aplaudimos Muricys, nós queremos a vitória sem contestar a forma.

Nós aceitamos a mediocridade em troca de um número. E o número agora é 7.

Parreira precisa desaparecer. Os times que ganham sem jogar futebol precisam ser vaiados. Os jornalistas que ironizam a derrota e não sofrem com ela, demitidos. E o torcedor que acha graça em perder ou que não exige nada além da vitória, judiado pelas consequencias.

Renegamos nosso futebol por não sabermos entender que as vezes a bola não entra. Criamos um discurso jornalistico de merda onde todos entendem de todos os setores de um clube e resultam num pênalti mal batido.

Explica pra mim, pra torcida do Galo, pra um cientista e um ateu: Como o Atlético foi campeão em 2013?

Como é que o Brasil tomou de 7?

Como Galo e Inter perderam pra times da áfrica no mundial?

Como o São Paulo ganhou do Liverpool?

Como o Flamengo de 2009 foi campeão?

Como o Flu foi quase rebaixado com o time do título de 2012?

Nós destruimos uma identidade por não sabermos lidar com nossas características. Por sermos vira-latas, por não respeitarmos quem somos de fato e termos em mente que tudo lá fora é sempre melhor.

A bola volta a rolar na terça-feira por aqui.

O que vamos fazer?  Aplaudir outro Parreira ou aceitar outro Telê?  Ignorar nossos ídolos por causa de um pênalti? Deixar de adorar nossos heróis porque sairam com um travesti ou porque tem problemas com uma filha? Eles jogam bola ou vão casar com nossas filhas?

A cada derrota vamos pedir mais um volante pra daqui 20 anos reclamarmos que não temos mais padrão de jogo?

Não notaram que a Alemanha, a Espanha, a porra do Barcelona e o maldito Chelsea fazem exatamente o que faziamos há 30 anos? Tocam a bola, esperam, não devolvem de graça.  Joga com ela nos pés, não no alto. E dando a posse de bola um valor defensivo tão relevante quanto o ofensivo?

Vamos repetir feito papagaios o que a mídia, mesma que afundou nosso futebol, diz sobre a Copa de 2014 e que saiu rindo da sala de imprensa terça-feira?

É esse o amor que temos pelo futebol?

Ou será que vivemos de fato num país onde ama-se os clubes, não o futebol?

Terça-feira começamos a descobrir. Porque depois dessa, se alguém aplaudir o 1×0 jogando mal, feio, na retranca, merece mesmo o 7×1.

abs,
RicaPerrone

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