PessoaisSem bola

Uma história brasileira

Cheguei de volta ao Rio de Janeiro sábado, 7 da manhã. Não havia transito e nem bandeira 2. Moro na Barra, que normalmente custa 70 ou 80 reais do aeroporto com taxi comum.

Nos últimos 5 dias, em São Paulo e no Rio, usei o Uber. Tive um probleminha com um motorista meio perdido, mas num geral, muito bem atendido, carros ótimos, preço dentro do previsto e tudo bem.

Ao sair do aeroporto fui na direção dos taxis normais, já que ali o Uber não roda.  Fui parado por um desses caras que vende o preço fechado (que acho um absurdo) e disse que não queria.

Ele insistiu. Disse que também tinha taximetro. Eu perguntei claramente: “Mesmo preço do amarelo?”.

– Sim, mesma coisa.
– E pode ser pelo taximetro normal?
– Claro! Mas eu acho melhor ser pelo pacote, assim o senhor não tem surpresa. 145 até a barra.
– Já olhei no waze. Não tem transito. Prefiro o taximetro. Nunca paguei mais de 100 pra ir até lá.
– Então tudo bem. Te levo.

Durante o trajeto de aproximadamente 30 minutos o taxista fez um discurso sobre ética, impostos, pessoas de bem, o quanto era um absurdo o Uber existir, etc, etc, etc.

Contestei. Disse que acreditava num sistema onde a chegada do Uber significaria a melhora do taxi e assim por diante. Citei o exemplo da Blockbuster quebrando as locadoras de bairro e em seguida sendo engolida pelo Netflix.

Ele fez um discurso moralista novamente. Ouvi calado, pois já aprendi que não se discute lógica com comunistas que usam senha no wi-fi.

Ao chegar na Barra olhei pro taximetro e estava dando 120 reais. Bem mais do que eu pagaria num taxi qualquer. E o questionei chegando em casa.

– Seu taximetro é mais caro que os outros?
– É um pouco, sim.
– Mas voce me disse que não pra eu pegar seu taxi…

Silêncio.

“Entendeu porque o Uber tem que dar certo?”

Nenhuma palavra.  Porque de alguma forma o que aconteceu nesse taxi acontece todos os dias no Brasil inteiro em todas as áreas. Pena que não tenha Uber pra política, pra policia, pra onibus e tantas outras coisas que engolimos por falta de opção.

Opção. É isso que move qualquer mercado e serviço pra frente.

Inclusive a opção em ser honesto ou não.

abs,
RicaPerrone

 

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