Triste
Eu não tenho outro termo pra definir a seleção. É “triste”. Nada mais.
Triste de ver como atua, mais triste ainda ver o quanto ela não confia em si mesma.
Triste em campo, triste no andar, na hora de reclamar ou vibrar.
Tristes.
Jogadores, comissão, tudo parece que está ali por obrigação e no único dever de “calar a boca” de alguém. Há ódio, raiva, vingança, cobrança, mas sobretudo, tristeza.
Seleção que entrou em campo hoje pra “não perder”. E só quando perdia, jogou pra ganhar. Porque claramente o medo de perder é hoje muito maior do que a vontade de ganhar.
Riscos são parte de um futebol atrevido que se diferenciou por isso. Riscos é o que menos corremos. Somos pragmáticos, óbvios, tristes.
O povo devolve o que a seleção nos dá, e a seleção se porta como é cobrada. Falta carinho de ambos os lados. Ninguém mais chega aqui tocando pandeiro. Parece que vem porque são obrigados a vir.
Tolerar o insuportável dever de ter que pagar por erros de dirigentes, amargura jornalistica e um 7×1 que virou paixão nacional dos azedos. Até que ganhem 45 jogos seguidos, 2 copas e, enfim, tenham “sido aceitaveis”.
Porque desde que o mundo é mundo a seleção brasileira nunca está bem. Sempre lhe cabe mais e há sempre um ou dois absurdos no time, outros fora dele. Imagine agora, onde de fato a seleção vai mal.
“Falta treinador!”, dizem os especialistas na deliciosa função de eterna pedra. Mas ninguém é culpado de nada sozinho, e embora desde 1950 tentemos achar num cara a culpa por todos os problemas do futebol, continuamos sem notar que somos parte dele.
Fomos NÓS que exaltamos o Muricybol. Fomos nós que trocamos qualquer coisa por 1×0 de bola parada em troca de ganhar ou ganhar. Agora é “atraso tático”?
Aplaudimos quem ganha sem analisar como ganha. Vaiamos quem perde sem saber porque perderam. E somos, torcida, time, cbf, imprensa, a mais confusa relação de paixão pela mesma camisa que se auto-destrói dia após dia por não termos uma direção.
Jogar na seleção virou uma honra triste. Você vai, mas não pode sorrir. Porque afinal, você é brasileiro, então tá rindo de que?
Como se soubessemos fazer algo dar certo sem sorrir, gingar, brincar e ousar.
abs,
RicaPerrone