O mais puro Imperador
Hoje é dia de verdade. Dia de subir o morro pra encontrar quem cresceu comigo. Dia de meter gol no rival e mostrar os musculos pra mais tarde. Dia de chorar feito moleque num corpo de gladiador.
Dia de cometer burrices imperdoáveis em meio a conquistas geniais. Dia de andar descalço na favela tendo aos seus pés uma mansão em Milão.
É dia de estacionar a BMW na comunidade pra empinar pipa na laje. Dia de ser herói com a 9 da seleção e jogar bilhar no boteco pra comemorar no outro dia.
Dia de ser gente como a gente, mesmo sendo um super herói trapalhão.
De trocar o amigo ator pelo amigo frentista do posto de gasolina que foi criado com você. Dia de recusar entrevista pra Globo porque tá com sono.
Dia de chorar a morte do pai. Dia de encher a casa de mulher. Mas mulheres de verdade, do dia a dia, não as da revista. Mulheres da Vila Cruzeiro, por exemplo.
Dia de ser o ídolo que fez tudo pra dar errado e deu certo. Dia de ser o herói de uma nação. O mais favelado da “favela” rubro negra. O estereótipo perfeito do que um dia foi “mulambo” por ofensa.
Adriano é o carioca. É o povo do Rio em forma humana, descalço e louco pra sorrir a toa, mesmo metendo a marra por instinto.
Hoje, aos 38, comemora uma vida cheia de altos e baixos mas com todos os erros e acertos de quem corre o risco de ser quem de fato é. Nosso Imperador não pode usar ouro, roupa chique, sapato italiano e nem passar o domingo sóbrio.
Imperador do Flamengo? Não. Adriano é o jogador que nós seríamos.
O nosso erro possível. O inatingível mais real que já tivemos.
Erre sempre, Adriano. Nós amamos você assim, todo errado. Afinal, nossa vida não é como a do Instagram.’
RicaPerrone