Fluminense

Afinal, que diabos é o Flu Samorin?

Uma das perguntas mais comuns ao tricolor é “Porque diabos o clube foi investir num time na Eslováquia?”. Então, lá vai.

O motivo do projeto

A idéia começa em 2011, com a Unimed ainda no clube. Era muito difícil dar oportunidade aos meninos no time principal. Muitos talentos não tinham espaço para jogar e no Brasil não tem um torneio B ou um sub-23 decente como em toda a Europa. Foi criado um projeto no Flu (Plano de Carreia Internacional) de emprestar as jovens promessas, que não estavam tendo oportunidades imediatas no primeiro time, para equipes de fora do Brasil.  A ideia era simples: O menino se destacava lá fora e voltava melhor ou era vendido por lá mesmo.

Xerém teve jogadores emprestados para Itália, Espanha, Portugal e Espanha e percebeu que estes meninos pouco jogavam nestas Ligas. Acabavam ou não atuando, ou jogando em Times B.  O foco mudou e o Flu começou a emprestar para Bélgica, República Tcheca, Áustria, Bulgária, EUA, etc… Nestes centros mais fracos os meninos começaram a atuar e voltaram muito melhor para o clube. Então o Flu achou que este seria um caminho.

“Melhor pessoa, melhor jogador”

Mais do que atuar em Ligas com uma intensidade de jogo diferente e sistemas táticos melhores do que o que encontramos na base brasileira e nas séries inferiores do Brasil foi percebido em Xerém que os meninos que voltavam do exterior estavam diferentes, mais confiantes, com uma postura mais profissional. Algo tinha mudado ali. Em debates com as psicólogas, assistentes sociais e técnicos de Xerém chegou-se a conclusão de que ao fazer o menino se afastar do péssimo ambiente em que vivem a maioria dos jovens do Brasil, apresentar uma nova cultura, outra língua, uma rotina mais profissional, estava fazendo aqueles meninos evoluírem não só como pessoas, mas também como jogadores.

Flu internacional

Com isso, o Plano de Carreira dando o retorno esperado, o próximo passo era simples. Era preciso achar um clube parceiro fora do Brasil para conseguir, o Flu mesmo, cuidar da evolução destes jogadores. Controlar a vida deles fora e dentro de campo, ensinar uma nova lingua e dar mais oportunidade para eles atuarem. Acompanhar o projeto, ser uma evolução, a fase final da formação dos atletas de Xerém. Algo que já é realizado em outros clubes pelo mundo, como os dois Manchesters, o Ajax, o Chelsea, Zenit, Monaco, etc. Inicialmente se pensou nos EUA. O Flu chegou a ficar muito perto de fechar com um clube nos EUA. Só que os custos, na época, já eram muito altos . O pensamento era vamos para a Europa, um continente com um futebol forte e com a UEFA e a ECA que dá suporte aos clubes.

Além de evoluir os jogadores, o Fluminense vê neste projeto a oportunidade de capacitar os profissionais de Xerém. Hoje, infelizmente, não existem no Brasil, grandes cursos para isso. Tem apenas os da CBF, que ainda não são reconhecidos pela UEFA e são muito caros.

STK Samorin

A base do Flu sempre disputou muitos torneios na Europa. Com uma grande rede de contatos, por conta destas participações em torneios, o Flu começou a procurar um lugar e um clube para fincar a sua bandeira. Surgiram alguns clubes, mas ou eram em ligas caras como Portugal e Alemanha, ou o clube tinha dividas e queria alguem para ajudar, ou eram clubes duvidosos, comandado por pessoas duvidosas, etc.

Em 2015 em um torneio na Republica Tcheca surgiu a oportunidade do Samorin. O presidente e dono do clube estavam no torneio e conversaram com a diretoria do Flu. STK Samorin é um clube pequeno, na época da terceira divisão da Eslováquia, sem dívidas e que queria uma parceria para poder crescer. O dono é um cidadão de Samorin, com uma vida confortável, que gastava dinheiro do próprio bolso com a sua paixão, que era o time da cidade dele. Só que com o que ele podia investir, o time jamais sairia da terceira divisão.

O Fluminense foi ao local, conheceu o clube, a estrutura, conversou com a federação eslovaca, com dirigentes do Zenit e com uns investidores holandeses.

O Fluminense gostou e viu uma grande possibilidade ali. Primeiro emprestou alguns jogadores e mandou um auxiliar tecnico, apenas para conhecer a Liga, mapear o local, etc. Posteriormente indicou um treinador, que havia ministrado cursos da UEFA para os treinadores da base de Xerém, ele assumiu o time e o clube subiu para a segunda divisão.

Mas por que a Eslováquia serviria para o projeto?

– O Flu entende que é uma liga em evolução e que exige curso de treinador da UEFA.

– Baixo custo do futebol no país: possibilidade grande de crescimento esportivo com baixo investimento. Hoje o Fluminense gasta quase nada para ter controle total de um clube na Europa. Menos de 8% do dinheiro investido em Xerém é dedicado a todo o Samorin.

– Dimensão reduzida do país: diminui os custos operacionais e facilita a logística para locomoção da equipe por conta de distâncias pequenas que podem facilmente ser percorridas de ônibus.

– Possibilidade ilimitada de estrangeiros no elenco: cinco jogadores de Xerém em campo no primeiro time, mais cinco na equipe sub-19. Conseguiram colocar pelo menos 10 jovens jogadores por final de semana em campo.

– Liga eslovaca é de jovens atletas: a Eslováquia tem uma das ligas com mais jovens na Europa. Isto facilita a adaptação dos Moleques de Xerém.

– Possibilidade de captação de atletas europeus baratos para compor o elenco, dentro da região que engloba quatro países (Eslováquia, Rep. Tcheca, Austria e Hungria).

– País sem histórico de racismo. Os eslovacos estão muito acostumados com estrangeiros pela forma que seu país foi construído.

– Localização geográfica: a Eslováquia fica localizada no centro da Europa e fica próxima das principais cidades do Velho Continente. Áustria (40km), Hungria (50km), República Tcheca (62km), Croácia (280km), Polônia (330km), Alemanha (350km), Itália (500km), Ucrânia (550km) e Suíça (600km). Em 1h30, chega-se a Samorin de qualquer grande cidade da Europa.

– Infraestrutura de apoio de boa qualidade: STK Samorin tem estádio próprio com custo anual bancado pela prefeitura e parceria com a Xbionic Sphere, um dos maiores CTs da Europa.

Xbionic Sphere

Por força do destino, em Samorin, foi construído o maior Centro Esportivo do leste europeu e o terceiro maior da Europa. O Xbionic Sphere, que hoje é a casa do Comitê Olímpico da Eslováquia, e também parceira do Fluminense Samorin. Os jogadores de xerém treinam e utilizam as instalações de um nível que não existe na América do Sul. É um complexo esportivo de 1 milhão de metros quadrados.

Em apenas uma temporada e ainda na segunda divisão, o Samorin já proporcionou ao Fluminense o acesso a UEFA e a ECA (Flu hj tem um treinador de Xerém fazendo o curso UEFA) e o Samorin, assim como qualquer clube europeu, tem acesso a todo acervo de estudos da UEFA e da ECA.

4 jogadores já retornaram ao elenco principal do Fluminense

6 jogadores já retornaram para Xerém (dois deles hoje são titulares no Sub-20)

4 treinadores de Xerém já estiveram pelo menos seis meses acompanhando de perto o trabalho de um treinador que tem a UEFA Pro.

Hoje o Flu tem 10 jogadores lá no Samorin, 1 treinador (como auxiliar) e 1 fisioterapeuta.

Então, meus caros, acho que não resta mais dúvidas sobre o projeto Samorin.  Goste ou não dele, ele está explicado acima.

abs,
RicaPerrone

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