Mortos e vivos
Não pelo derrota, pois embora favorito o São Paulo não perdeu pra um time pequeno. Mas pelo jogo. Pelo ano. Pela década, talvez.
Havia no Morumbi um jogo de merda. O São Paulo tocando de lado, nada fazendo com a bola. O Fluminense assistindo, sabendo que o treinador rival era assim e que sua arma era ser efetivo e não ter volume.
Dois gols rápidos, um jogo ruim onde ninguém queria nada com nada se transformou num jogo onde alguém queria passar o tempo e o outro apresentava aquela sua sina interminável do “tanto faz”.
Sim, o que o São Paulo transmite ao torcedor há muitos anos é que “tanto faz”.
Você sabe que, historicamente, o Fluminense precisa de uma chance pra fazer o inacreditável. Ganhar ontem era inacreditável até certo ponto. E em 5 minutos o São Paulo deu a chance do Flu sair dali vivo.
Do outro lado, mesmo na zona de Libertadores, um morto.
Um time que não vibra, que não inspira e parece entrar e sair de campo como um funcionário público que bate cartão sem perspectivas de promoção ou novos desafios.
O São Paulo é um resort espetacular para férias em atividade. Onde pouco se cobra, onde a crise é ponderada, onde tudo funciona e a arrogância do próprio clube impede que haja uma revolta maior.
Ora, “tá tudo bem”. No São Paulo, mesmo que não esteja, está. Sempre está.
E não há crise num time em quinto. Nem faz sentido. Mas há uma indiferença irritante em campo que machuca o torcedor.
Alguém vai expulso, arruma um tumulto, perde a cabeça, grita com o companheiro. Sei lá! Mas finge que se importa.
Porque não, vocês não se importam. Isso é muito claro.
RicaPerrone