Quando tudo dá certo*
Era uma vez um time que jogava mal, perdia tudo, chegava a ser goleado nas Eliminatórias e ameaçado de ficar fora da Copa. Seu camisa 10 era pipoqueiro, seu treinador era burro e toda torcida local, assim como imprensa, questionavam a situação deste time.
Um dia, quando não podiam perder, decidiam a vaga na Copa. Em casa, diante do mediocre Peru, conseguem levar o jogo até os 47 minutos do segundo tempo com um pé fora da Copa. Até que, impedido, marcam o gol salvador.
Os meses passam, este time não muda. Nem o técnico, diga-se. Curiosamente, do nada, se torna “favorito” ao principal torneio do mundo. Porque tem histórico? Porque vive grande fase? Não.
Enfrenta um grupo mediocre na Copa. Começa vencendo a Nigéria, em péssima fase, por 1×0 com um gol irregular. Isso logo no começo do jogo, onde conseguiram transformar um jogo duro em tudo que sonham: Contra-ataque. Ainda assim, ficou nisso.
Vem o segundo jogo, e logo no começo um gol contra. Pronto, o campo está aberto. Em seguida, de bola parada, 2×0. A Coréia marca um, o jogo fica quente. Voltam para o segundo tempo e lá se vão 30 minutos onde em momento algum o tal time agrediu a Coréia. Jogo suado, dificil, até que, impedido, num raro lance de ataque, o time faz 3×1. A Coréia abre, toma o quarto e o jogo comum vira goleada.
Terceiro jogo, time reserva. O adversário é mediocre de novo. Se passam 80 minutos e nenhum futebol. Mas, tudo bem, era reserva. No final, num cruzamento na área, o atacante faz falta no zagueiro e na sobra marca o gol. 1×0, finalzinho, adversário sendo eliminado, contra-ataque aberto e o segundo surge.
Todos os jogos tem ajuda da arbitragem, o que não significa que não os venceriam. Mas, para um time que só tem ataque, é tentador sair sempre na frente e ficar com o contra-golpe todo aberto pra poder ampliar.
E assim segue a vida, com o tal time virando “sensação” da Copa, sem ser brilhante em momento algum.
Vem o México, time mais fraco, só que em mata-mata.
São 26 minutos onde o México cria 2 chances e o tal time sensação não faz nada. Até que, num rebote, marca um gol escandalosamente impedido. O juiz confirma, e lá vem o quarto gol ilegal em 8 marcados. O jogo fica perfeito. O adversário tem que sair, a sensação da Copa pode ficar esperando e só contra-atacar.
Num gol DADO pelo zagueiro mexicano, 2×0. E nessa se vão 41 minutos, quando pela PRIMEIRA VEZ este time cria uma jogada de ataque e perde de cabeça.
Volta o segundo tempo e, quando novamente é dominado, aparece o talento individual de um jogador para enfiar uma patada do meio da rua e marcar um golaço. 3×0, tudo resolvido.
Em todo segundo tempo, o México manda no jogo e cria chances. O time sensação não consegue criar uma jogada de perigo.
Saldão da Copa: 10 gols em 4 jogos. 4 gols irregulares, 2 dados pelo adversário. Dos restantes, todos já estando na frente no placar, com o rival tendo que dar espaço.
Pressão sobre adversários, nenhuma. 3 dos 4 jogos não tiveram jogadas de ataque criadas e nem consistencia tática. Houve talento individual, sorte e ajuda da arbitragem.
O tal super-time tem quase metade de seus gols irregulares, tendo a incrível marca de 1 gol ilegal por jogo, curiosamente, sempre o gol que lhes dá a condição de sair na frente e obrigar o rival a sair pro jogo.
Não, não estou insinuando roubo. Indico sorte, muita sorte.
E a vida segue, como na verdade sempre seguiu. Com asteriscos e mais asteriscos para a belíssima história de seca deste time, que há 20 anos não faz nada, que viveu 4 anos negros e que ainda assim é “favorito”.
Mistérios do futebol.
Até onde vai o asterisco? Se repetirá, como em 78 e 86, onde os principais jogos também foram resolvidos de forma não convencional, digamos?
Ou será que alguém, na bola, conseguirá brecar a onda de “sorte” dos reis dos asteriscos?
Aguardemos.
É lamentável. Pior do que isso só o endeusamento injustificável do fracasso. Pois é isso que fazem com este time, ano após ano, sem argumento algum.
O nome do time? Só volto a escrever quando conseguir vencer um só jogo sem ajuda da arbitragem. Antes disso, será tratado como “aquele” ou, um mero asterisco, que é a marca registrada que lhes acompanha.
E segue a babação de ovo. Afinal, quem pode parar um time que ganha todas, que marca sem criar, que ignora as regras da FIFA e ainda joga com 12? Não dá… tem que aplaudir mesmo.
abs,
RicaPerrone