A mais difícil das Copas
Começa no dia 12 de junho a mais dura Copa que o Brasil já disputou. Pela pressão, pela tabela cruel, a real possibilidade de enfrentar campeões mundiais em todos os mata-matas e pela euforia.
A última dá pra evitar.
Quando Felipão vai a tv e diz que “vamos ganhar” é um otimismo necessário. Quando aceitamos o favoritismo é um ótimo passo para sabermos lidar com ele. Mas o papo de “mão na taça” do Parreira ontem já começa a me incomodar.
Porque? Porque já teve Copa aqui. E por mais que nossa geração não saiba muito sobre ela, nós a perdemos para um Uruguai digno e competente mas, também, para o “já ganhou”.
Não existe “confirmar título” em Copa do mundo. Título se conquista e, portanto, não é obrigação de ninguém. Obrigação é dar seu melhor e se no meio do caminho houver alguém melhor do que você, é esporte. Só isso.
Quando transformamos a Copa numa obrigação, ela deixa de ser um prazer ou um sonho para se tornar um inferno. Não queremos isso, nem podemos aceitar que acéfalos de microfone nas mãos transformem a maior competição do mundo numa baba onde somos obrigados a vencer.
A Copa é o campeonato mais difícil do mundo. Vence-lo é uma coisa raríssima, incrível, jamais uma “obrigação”.
Em 1950 o jornal dava a foto do time brasileiro e a manchete: “Os campeões do mundo”. No discurso pré-jogo no Maracanã, tinha politico falando pra 200 mil pessoas e para os jogadores, já em campo, que dali a alguns minutos seriam premiados campeões do mundo.
Não preciso dizer que desde 1950 a imprensa brasileira enche um dos lados de munição e motivação. Se a comissão técnica permitir, ela fará de novo.
Quando o Parreira diz o que disse, com a experiência que tem, é um prato cheio para que chegue aos rivais como arrogancia e promessa de título. Desnecessário.
O Brasil vai sediar e DISPUTAR uma Copa, senhores. Isso é primordial para que possamos cobri-la com alguma inteligencia e senso do ridículo. Passar pro torcedor a imagem de que “temos que ganhar”, “ganhar é obrigação” ou atrelar os gastos a um título é o primeiro grande passo para perdermos.
E não. Não vamos perder.
Mas podemos perder. Caso contrário não seria futebol, e portanto, ninguém estaria dando a mínima pra isso.
abs,
RicaPerrone