Sem bola

Acreditar é fundamental

Talvez você seja da turma do “eu avisei”.  Esse tipo de pessoa é o que há de pior na sociedade, pois é alguém que se presta a torcer contra um bem maior pelo simples fato de ter razão.  Mas tem, e muito.

Flávio Bolsonaro e seu pai não estão sendo investigados e talvez nem sejam. Talvez sejam culpados. Não importa agora. Existe um processo de investigação, denúncia e julgamento que deve ser respeitado em todas as esferas para todo cidadão.

A discussão boba é sobre “acreditar” neles.

Ora meu caro, se você partir do princípio que as pessoas são todas corruptas, falsas e mentirosas, não há porque viver. Seu Natal é uma farsa, seu casamento uma mentira, sua vida uma palhaçada e tudo que você sustenta como valores pode simplesmente não existir.

Acreditar é uma premissa básica de quem se propõe a ser feliz.  Por mais ingênuo que seja, é um combustível necessário ao ser humano para levantar todas as manhãs.

Você tem que esperar o melhor porque o contrário se chama depressão.  Esperança gera expectativa, euforia, metas e é disso que vive qualquer ser humano. Não há vida se você tiver certeza pra você mesmo que nada pode melhorar.

Será uma enorme frustração nacional se o Bolsonaro e sua família estiverem envolvidos em corrupção. Diria até que é o fim deste país, porque após os dois lados serem condenados não sobra nada para acreditarmos.

Mas existem duas formas de acreditar. A por esperança e a pela teimosia.

Tem gente que aposta tudo na honestidade dos Bolsonaros. E esses chamamos de otimistas.

Tem gente que, após julgado e provado, acredita na honestidade do Lula e do PT. E esses chamamos de idiotas.

Entre a pureza do otimismo e a má fé egocentrica de negar os fatos para “ter razão”, não precisamos de muito para saber quem tem uma melhor definição de “caráter”.

O ponto não é acreditar. É a reação à frustração se ela acontecer.

Temos uma turma que defende bandido se for parceiro e relativiza crime. A outra, hoje, apenas torce e acredita.

Tal qual acreditam no Bolsonaro, eu acredito que em caso de frustração não cometam o petismo de acreditar até quando as suspeitas viram fatos.

Eu?

Acredito. Sempre acredito. Até que os fatos me façam mudar de idéia. Aí o caráter sobrepõe a fé. E então quem fica do lado de bandido é cúmplice, quem acreditou e se decepcionou é vítima.

Posso até ser vítima. Cúmplice, jamais.

Aguardem a justiça. A mesma que imploram por Marielle, que renegam por Lula e que relativizam quando não dá voz a suas causas.

RicaPerrone

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