Ainda será o Maracanã

Tenho um certo receio quando ouço falar em “obras num estádio”.  Você pode mexer, modernizar, derrubar, levantar outro, tanto faz. Ele não será mais o mesmo se a obra for grande. Desde que seja pra melhorar, ótimo.

Mas quando falaram em gastar 700 paus no Maracanã, confesso que temi pelo que seria imperdoável: Mudar sua cara. Ontem sairam as fotos do projeto e, pelo jeito, não cometerão o crime de desfigurar o mais importante estádio do mundo.

Você pode jogar Wembley no chão e levantar outro, não tem problema. Pode fazer isso com o Camp Nou, com o Santiago, outro estádio qualquer no Brasil.  Pode derrubar o La Bambonera, pode pintar o Defensores del Chaco de rosa. Tanto faz.

Mas o Maracanã, não.

Ali está muito mais do que um campo e arquibancadas. Ali passa o maior desastre do futebol brasileiro e em seguida as maiores glórias dele. Os gols de Pelé, as finais do Santos, os anos dourados do Flamengo, do Flu, do Botafogo, do Vasco, da seleção.

Ali foi feito o milésimo gol do Pelé, e quando alguém lembra do Brasil imediatamente vem a imagem do Cristo e em seguida do Maracanã. Não estamos orçando obras num estádio, mas sim num cartão postal único e absolutamente intocável.

Vai pintar o Cristo? Vai baixar os braços dele? Não, né?

Então, mesma coisa pro Maracanã.  A estrutura tem que ser semelhante, as arquibancadas mantidas num formato parecido e a visão de fora igual a atual, no máximo “melhorada”.

E o projeto respeitou isso.

O novo Maracanã tem cara de Maracanã. Mesmo com aquelas cadeirinhas insuportáveis que a FIFA exige, não tem problema. Quando voltar pro nosso futebol eles vão quebrar e deixar tudo como a gente gosta.

Brasileiro não assiste jogo sentado. Pode meter 200 cadeiras lá, eles vão quebrar só de pular em cima. Mas isso, espero, eles vão mexer após a Copa. Até lá, vamos fingir que somos europeus e que gostamos de aplaudir lateral.

O projeto é lindo e, principalmente, forte na raíz. Eles conseguiram desenhar um novo Maracanã que é apenas o Maracanã.

E isso não tem preço.

Ou tem, 700 mangos. Mas… é Copa. Ao contrário de muitos, acho válido o investimento nos estádios, pois através deles teremos Copa, e através dela melhorias em todos os setores.

Já que não vai pelo dever, que vá pelo futebol. Mas alguma coisa tem que fazer isso tudo andar.

abs,
RicaPerrone

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