Alhos e bugalhos
Mais calminhos após a má atuação brasileira, vamos tentar avaliar as coisas separadamente, como devem ser. Não existe “monte de lixo” e nem “time perfeito”. A seleção brasileira encarou sua primeira partida na Copa, venceu, jogou mal, não se encontrou e merece ser criticada.
Ponto. O que não cabe é querer rotular tudo por um jogo, afinal, se for assim, a Copa nem terá final, pois só um time jogou bola até aqui.
De 28 que já atuaram, apenas um jogou futebol. Isso diz mais do que o Dunga, o Felipe Mello e não sei mais quem que você possa, eventualmente, não gostar.
O Brasil teve uma atuação, sobretudo, assustada. Pareciam com medo da zebra, com medo de errar, enfim, meio nervosos.
O primeiro tempo foi um time sem criação, e isso se deve a 3 fatores simples:
1- O armador do Brasil não está jogando nada.
2- O centroavante do Brasil não conseguiu se movimentar pra receber bolas
3- Os laterais não subiram o quanto deveriam.
Táticamente é isso. Não tem esse lero-lero de 2 volantes, de Felipe Mello e o escambau. O time é esse e Copa não é Paulistão pra ficar trocando conforme adversário. Os titulares estão ai, e ele tinha mais é que meter o time “ideal” pra cima da Coréia.
A seleção teve méritos em não se desesperar. Mesmo com a retranca escrota da Coréia, o time tocou e esperou. Se parte pro Deus me livre pode tomar um gol, pode ir piorando a situação.
Teve, porém, o demérito de não saber se mexer. Ficaram presos cada um na sua posição o tempo todo. Mas aí, meus caros, existem coisas que saem do controle do treinador. E vamos a ela:
Quem pede a bola no Brasil é o Elano, e não o camisa 10, badalado e experiente Kaká. Alguém ai era contra a convocação dele? Não né, então…
Quem deveria dar opção no meio era o Luis Fabiano. Desde que voltou de contusão não conseguiu nem nos amistosos aparecer pra receber. Alguém ai era contra ele no time? Também não.
Robinho e Elano foram os dois únicos jogadores do time que, hoje, souberam pedir a bola e tentar sem medo de errar. Os demais ficaram burocraticamente tentando não comprometer.
Até certo ponto, a mesmíssima coisa de todos os outros que estrearam com peso na camisa. O futebol resultado de hoje gera isso, não tem jeito. Você sai de campo vaiado, mas não sai derrotado. Se perde, cai o mundo. Se ganha mal, ainda cabe elogios.
Simplesmente porque amanhã, se passar de fase, será tudo ótimo. Se não passar e jogar bem, vai chover porrada. E como não se analisa futebol pelo que se vê e sim pelo que se olha no jornal do outro dia no placar, é sempre preferivel ganhar do que jogar.
Não, eu não gostei da seleção. É óbvio que não gostei.
O primeiro tempo foi ridículo, o segundo razoável.
Mas eu também não sou bobo de achar que o Brasil enfrentará outros 6 times covardes ao ponto que chegou a Coréia. Tinha momentos do primeiro tempo que o último homem deles estava na frente do Elano!!! Como pode 11 caras na entrada da área? Isso não existe.
Não tem como entrar. Faltou chute, faltou arriscar, mas… era dificil de qualquer forma.
Pesou a pressão, a estréia, os problemas Kaká e Luis Fabiano. Isso tudo foi muito mais relevante do que Felipe Mello, Dunga e outras queixas já meio repetitivas que tá virando discurso de papagaio que só repete o que ouve por ai.
Hoje o Dunga não fez nada errado. O Felipe Mello também não foi culpado de nada. O que não funcionou foi a parte mental do time de entrar solto e sem medo e principalmente o melhor e quase único armador do time. Pra ajudar, o centroavante também não rendeu.
Isso sim foi relevante.
Não me revolto por um jogo. Se o Brasil viesse jogando mal e este fosse mais um deles, ok. Não é o caso.
Domingo o Brasil encara um time de verdade. Que marca muito, que tem talento, tem jogadores que podem resolver o jogo e que não vão ficar 90 minutos atrás olhando o Brasil tocar a bola. Aí, teremos espaço. Aí, seremos testados na frente e atrás.
E aí, teremos que jogar mais.
Se domingo a coisa não caminhar, dá pra começar a ficar preocupado. Por enquanto, sinceramente, foi apenas uma atuação de estréia. Como quase sempre e como acontece com quase todos, cheia de pé atrás, cheia de problemas e erros bobos.
As coisas vão dar certo domingo.
Pra isso, não é o Dunga ou o Jorginho quem tem que mudar. É o Kaká e o Luis Fabiano que tem que jogar.
O Brasil é favorito porque, em tese, tem o melhor meia do mundo e um ótimo centroavante, entre outros. Se você tirar estes 2, não há nada que o time possa fazer de muito especial.
Sem o arco, as vezes funciona. Sem a flecha, talvez.
Sem o arco e a flecha… não tem jeito.
abs,
RicaPerrone