Futebol

“É tudo bandido!”

Em 1976, em um clássico estudo da psicologia social, pesquisadores da Universidade de Washington observaram cerca de 1,3 mil crianças na brincadeira de travessuras e gostosuras do Dia das Bruxas. Em 27 casas, elas eram recebidas por um adulto que lhes mostrava dois potes — um com dinheiro, outro com doces. As crianças não deveriam mexer no primeiro e só poderiam pegar um doce cada. Em parte das casas, a anfitriã perguntava nome e endereço de todos. Nas outras, não. Em seguida, saía de cena e deixava a garotada sozinha.

O resultado foi o esperado: houve mais trapaça entre crianças em grupo, especialmente quando elas eram anônimas. Quando davam nome e endereço, 20% trapaceavam.

Quando não diziam nada, 60% enchiam os bolsos de doces e, às vezes, até de moedas. A conclusão todo moleque que já quebrou vidraça do vizinho sabe:

Grupos de anônimos são mais propensos a desrespeitar regras, pois acreditam que sairão impunes.

Toda vez que você pune um clube por um ato individual você está contrariando a lógica. Está dando a ele mais uma vez o “poder” de ser invisível.

Quando nós achamos que “é tudo bandido” em CBF, FIFA, clube, empresários, onde for, damos mais uma vez a oportunidade do verdadeiro “bandido” se esconder num grupo.

Individualize os crimes.

Você não gosta quando chamam seu time de “ladrão” por ter um dirigente ladrão. Você não gosta de ser chamado de  “torcedor violento” porque sua organizada matou alguém.

Não faça o mesmo. O futebol está vivendo seu melhor momento em décadas, prendendo gente, mudando lideranças e repensando seus mecanismos.

Vamos tentar não estragar tudo.  “A CBF só tem bandido”, “A Fifa só tem ladrão” é o mesmo que dizer que “a torcida X é tudo marginal tem que apanhar mesmo”. E você ali no meio deles com sua filha…  como faz?

Protejam os bons.

abs,
RicaPerrone

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