Estrela?
A mídia esportiva no Brasil odeia futebol. Eu tenho muita certeza disso toda vez que acaba um jogo como o do Vasco e discute-se primeiro onde errou para depois se exaltar a história escrita.
Faltam 15 minutos. O time invicto do país perde em casa para um time pequeno e há ali uma história sendo escrita. É a virgem que se guardou para todos os namorados e acabou nas mãos de um bêbado.
E então Jorginho, que é brasileiro, “inho”, e portanto não pode ser gênio, tira um atacante e coloca um zagueiro.
Não há na mídia um sujeito que tenha tido o bom senso de enxergar o que ele fez. Não foi recuar. Foi renovar o folego, a forma de agredir e dar uma nova alternativa pouco previsível aos zagueiros do CRB. Ele usou o momento, a confiança, o chute de fora, enfim, o que acreditava ser melhor.
Para nós, analistas, é “tirou atacante botou zagueiro”. E então após 3 jogadas onde ele participa efetivamente no ataque, numa delas ela sobra e ele faz o gol salvador. Aos 46, épico, salvando a virgindade vascaína.
O juiz apita, a torcida em êxtase, o jogo comum virando memorável e o decreto nos microfones: “Teve estrela”.
Estrela?
O cara faz tudo o que acredita e que ninguém teria coragem de fazer. Funciona, e não apenas num lance, mas nos minutos em que esteve em campo. A bola entra, o time se mantém há 2o e poucos jogos “com estrela”.
Estrela?
O zagueiro entra, assume a responsabilidade, dribla, cria, vai pra cima, não sente a pressão e resolve o semestre. É estrela?
Jorginho, fosse “Mourinho”, seria gênio. Sendo “Jorginho”, tem estrela. Vaz, fosse Pique, seria polivalente, moderno. Sendo Vaz, tem estrela.
Patria amada, Brasil.
abs,
RicaPerrone