Flu viciado
Fui ao Maracanã (que delícia dizer essa frase) para ver mais do que um grande jogo. Em busca de entender o que faz o atual Fluzão não se encontrar em campo, me aproveitei do setor que estive (atrás do gol) para poder enxergar coisas que pela tv é mais difícil.
A questão tática do Fluminense é determinante nos resultados. Além do ciclo, possíveis erros do Abel, contusões e desfalques em geral, o time ainda não entendeu que mudaram peças que obrigam o time a mudar de postura.
Vou tentar tratar este assunto “chato” de forma mais leve. Numa linguagem menos caga-regra.
Este Flu aí era o campeão brasileiro de 2012:
Jogava feio, lembra? Porque sabia que podia se segurar, tomar a bola e rapidamente ligar no Thiago ou no Nem, que fariam a jogada chegar pro Fred finalizar ou, pelo estilo, cavariam uma bola parada lateral.
Este perfil compensava os problemas defensivos do time. Como? Ficando mais atrás durante o jogo. Jogando por “uma bola”, que viria uma hora ou outra pela qualidade do contra-ataque.
Agora, e mesmo durante um bom período sem Thiago Neves, Nem e Deco contundidos, o Flu se encontrou na seguinte situação:
Wagner armando o jogo, sem o Nem pra desequilibrar na velocidade e sem o Thiago pra dar opção do outro lado. A bola ia sempre pro Rhayner nessa puxada de contra-ataque, facilitando a marcação. Era previsível, como será hoje se jogar toda bola no Sobis porque o Fred é mais pesado.
Então, com o que tem em mãos hoje, Luxemburgo vai tentar adaptar o time a uma nova forma de jogar.
Onde eu acho que o Luxemburgo vai tentar chegar? Numa formação como a do segundo tempo de hoje. Jean e Felipe alternando entre “segundos volantes” e meias, também dando cobertura a laterais, já que ambos conhecem a posição.
Edinho fixo, Deco (ou Wagner) armando o jogo, com Sobis e Fred a frente. Um se mexendo mais, outro mais preso a área.
Em tese, gosto da idéia. Mas note que este Fluminense não pode mais tentar ficar atrás e queimar toda bola que cair em seus pés num lançamento em busca do gol salvador.
É lento, menos aberto pelas pontas, muito mais dependente de posse de bola do que de um contra-ataque.
E o que faz o Fluminense em campo ainda? Tenta contra-atacar e matar o jogo a cada jogada.
E então, este Fluminense que podia se postar na defesa e deixar 4 jogadores no máximo no campo de ataque para conseguir um gol na velocidade, hoje precisa colocar mais gente, tocar a bola e esperar o time chegar pra ter opção.
Felipe, Deco, Jean são jogadores de meio campo que não vão partir pra cima e driblar 3 caras. Vão enfiar uma bola ou chutar de fora. Não é mais um jogo pra contra-ataque.
Fundamental: O Flu precisa prender a bola e aprender a jogar com ela. A posse de bola vai dar condição deste time funcionar. A tentativa de contra-atacar com essas peças é um caminho inútil.
Mais do que mudar um 442, 433, 352, é hora do time respeitar as novas características técnicas e físicas do que tem em campo. E assim, quem sabe, retomar o caminho do favoritismo no Brasileirão.
É postura. Filosofia de jogo. Não exatamente uma formação ou uma escalação.
abs,
RicaPerrone