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Grandes, pequenos e as opções

Eu acho que no futebol há uma hierarquia. Quando a seleção vai convocar o time, deve pesar também que tipo de jogador ela está levando, e não apenas o quanto aquele rapaz parece jogar bem ou o quanto vem jogando.

Explico.

Jogar bem no Náutico é uma coisa. Já vimos uns 30 meninos despontarem na Portuguesa por exemplo. Talvez 3 ou 4 tenham conseguido jogar fora de lá. Idem pra qualquer time médio/pequeno.  O cenário é diferente, o dia-a-dia é absolutamente mais pesado, o convívio diminui o jogador e nem todos conseguem crescer.

Coloca o craque do Juventude no vestiário do Grêmio. Ele vai de dono do vestiário ao mais humilde em 24 horas. Tem muita gente que não sabe lidar com isso.

Futebol passa bem longe de ser a ciência de números que tentam implementar hoje.  Na Europa pelo estilo mais frio do povo, talvez até faça mais sentido. Mas na América do Sul sabemos que jogadores vingam ou não com enorme interferência do psicologico.

Eu não convocaria um jogador da Ponte Preta até que ele fosse pra um time grande e me mostrasse que aguenta. Eu convocaria o Dener ainda na Lusa.

A exceção é o gênio. E não temos nenhum gênio atuando no futebol mundial hoje que não seja o trio Cristiano, Messi, Neymar. Portanto, não há com o que se preocupar.

O Talisca jogou no Bahia, foi pro Benfica (grande) e de lá emprestado porque estava mal. Agora brilha na terceira força do futebol turco.  Ele disputa posição com o Luan, que foi melhor da América e brilha há 3 anos no Grêmio.

Essa disputa pra mim nem deveria ser discutida. Talvez o Talisca em 3 anos seja o 10 do Barcelona e o Luan o reserva do Coritiba. Mas não é essa a questão.

Tu vai dar nas costas desses caras 50 kilos. Alguns brilham com 10, outros já brilharam com 30 ou 35.  Eu sempre foi dar a camisa da seleção que pesa 50 kilos a quem já conseguiu segurar 35 se ele for semelhante ao que carrega 10.

O William José foi mal no SPFC, Santos e Grêmio. Então rodou por times insignificantes na Espanha até estacionar na porcaria do Real Sociedad  e hoje brilha “disputando nada”.  Sim, porque não tem mata-mata grande pra ele, e o campeonato espanhol é uma tabela para ser cumprida enquanto dois times passeiam.

Esse cara tá mais apto a seleção do que Jô, Fred, Tardelli, entre outros?

Não se trata do “medalhão”. Se trata do quem aguenta e de quem não sabemos se aguenta a camisa pesada.

Quando digo que levaria o Grohe como segundo e o Ederson talvez como terceiro, não é porque acho o Grohe melhor que o Ederson. É porque um deles acaba de passar 2 anos voando e ganhando tudo num time enorme como protagonista enquanto o outro está jogando muito, mas num time muito menor.

Jogou no Benfica. Isso o credencia, sem dúvidas. Sou fã do Ederson. Mas acho que hoje o reserva do Alisson é o Grohe. E o Ederson reserva do Grohe.

Nessa discussão entra também a nova geração, que são pessoas criadas de 2000 pra cá e que tem uma visão de futebol mais do que deturpada. Eu diria que manipulada pelo dinheiro investido em cega-los. E conseguem.

O futebol que você paga e ganha é novo. E em Copas do Mundo não funciona, porque você não paga.  Ali joga camisa, história, tradição, coragem, bagagem, postura, etc.

Não estamos montando um time pra ganhar a porra do campeonato Francês. Estamos montando um grupo pra encarar a maior pressão que um jogador pode suportar na vida: jogar pelo maior time do mundo na maior competição do mundo e como favorito.

Separem as coisas. Não importa só o quanto você corre. Importa com quantos kilos nas costas você ainda aguenta correr.

abs,
RicaPerrone

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