“Não é por 3 pontos”
Do hino em coro ao gol de Jô, não era só por 3 pontos. O Brasil tem em sua história uma relação incrível de compensação com a seleção. Quando tudo vai mal, quando nada nos orgulha, ela assume o papel e costuma aparecer.
Não vivemos nossos melhores dias. Estamos cansados, irritados, brigando uns com os outros em busca de acharmos a solução de um problema que nem nós sabemos diagnosticar com perfeição.
“Pão e circo”, dizem os intelectuais web.
Circo é o ano todo. E o palhaço é você. A seleção brasileira é um pingo de orgulho que carregamos no peito desde sempre, mesmo covardemente atrelada a CBF e Teixeiras na hora de buscar o menosprezo pelo não direito de transmissão.
Hoje, como no sábado, o país novamente parou pra torcer pra seleção. Por algum motivo parecia que algo seria especial, já que em meio a tantos protestos jogadores se manifestaram e podiam, eventualmente, causar alguma situação nova.
Causaram.
A situação de alegria, esperança e orgulho. O que sempre coube a seleção fazer. E o que quase sempre ela fez.
Ganhar do México hoje era apenas um pano de fundo para aquele hino incrível que talvez só o futebol possa organizar em coro.
Por 90 minutos o Brasil foi mais leve, esqueceu, sorriu e agora pode voltar ao foco.
Mas como sempre, por vocação, tradição ou mera coincidencia, a seleção é um sorriso em meio a muita revolta e dor.
Hoje, de novo.
E que assim seja. Até que um dia ela possa ser um sorriso complementar, não o único, de um povo que está tão confuso que quase culpou sua maior paixão pelos problemas de uma nação.
Não é circo, nem esporte. É sonho, alegria, direito a paixão e isenção racional por tempo determinado.
Nós precisamos do futebol. E ele, do Brasil.
abs,
RicaPerrone