Fórmula 1
O nosso inglês
Quando o Senna morreu descobrimos que nunca gostamos de F-1. Como em quase tudo a Globo nos ensina burramente a amar a possibilidade de vitória, não o esporte. E assim é com tudo, especialmente num esporte onde essa “chance de vitória” pode ou não estar ali.
Vieram os coadjuvantes candidatos a protagonistas. Uns nos encheram de esperança, outros de vergonha. Alguns sem ser notados, outros notadamente mimados. Mas nunca mais alguém conseguiu arrancar suspiros do torcedor brasileiro. “Bons” tivemos alguns. Mas “bom” não basta.
Lewis Hamilton é negro, o que já nos dá uma leve identificação mesmo que trate-se de um brasileiro albino. É carismático, não segue as regras, é meio maluco, ganha, corre riscos, peita, adora o Brasil, compartilha conosco o mesmo super-herói, e mesmo não tendo nada conosco faz questão de nos incluir em sua história.
Lewis tuita música da Anitta. É amigo do Neymar, usa o Cristo Redentor no capacete e não pode ver uma camisa do Senna que pára e tira fotografia.
Não há qualquer dúvida. Hamilton é o maior brasileiro desde Ayrton Senna na F-1.
E por mais que eu torça contra, pois prefiro a Ferrari, eu não consigo evitar um sorriso quando ele vence. Porque sua vitória é, de alguma forma pouco explicável, o mais perto que nós estivemos de Ayrton desde 1994.
Não me refiro a títulos, talento, nem mesmo ao uso da marca verde e amarela. Me refiro a nos representar. A ultrapassar sem precisar, pelo mero gosto de vencer. Desafiar os números, a história, os limites e até a nacionalidade imposta pela natureza.
Desculpem, ingleses. Esse negão é nosso. Vocês o tem por algum engano.
abs,
RicaPerrone
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Nosso Hamilton
Fórmula 1
Formula 1 e Libertadores saindo da Globo? É pior pra Globo ou pro evento?
Fórmula 1
Aos jovens brasileiros
Se você tem perto dos 20 anos, não acredite em super heróis.
Quando seu pai, tio, avô ou alguém mais velho tentar te explicar algo sobre Ayrton Senna, conteste. Duvide como você sempre duvidou dos poderes do homem-aranha, por exemplo.
Não aceite ouvir dizer que algo tão valioso passou enquanto você já era vivo mas não podia perceber. Ou que por alguns anos perdeu o privilégio de ter vivido naquela época.
Se você não entende o endeusamento a um simples piloto, não tente. Esta geração, infelizmente, é incapaz de saber do que estamos falando simplesmente porque desde então o mundo nunca teve algo parecido.
No esporte, na música, no teatro. Onde for. Há 26 anos a humanidade sobrevive sem um super herói.
Super herói é aquele cara que faz algo que os outros não podem fazer. Aquele que quando termina sua missão gera prazer, alívio e uma incrível sensação de superioridade.
“Como ele faz aquilo?”, é a pergunta que sempre aparece após uma atuação do super herói.
Talvez você não possa imaginar porque diabos seu pai ainda para em frente a tv domingo lá pelas 10 horas pra “dar uma espiada” em quem está na frente. Coisa rápida, ele nem gosta de F-1. E nem precisa.
Ele nunca ligou a tv desde 1994 pra ver quem estava ganhando. Na verdade, nenhum de nós nunca fez isso. Apenas olhamos para tentar acreditar que acabou. Como que confirmando uma lenda para poder continuar o domingo sem esperança de se sentir mais orgulhoso e brasileiro naquele dia.
Ayrton foi o cara que fez na pista o que alguns outros já tinham feito. De uma forma, porém, que nunca mais ninguém ousou fazer. E não, não pense que sou daqueles saudosistas idiotas que acha que nunca mais pode haver alguém melhor que ele.
Pode! Se bobear até já teve. Mas como ele, não. Nunca mais.
Ayrton era o tapa na cara de todo domingo de manhã. O cara que dizia, com aquela bandeirinha imortal, que você podia continuar seu dia mais feliz, forte e orgulhoso. Que aquele país que vivia na merda em meio a mil problemas não era só uma merda.
Era, também, vencedor. E portanto, “éramos”.
Senna foi meu super herói. Por isso não acredito em nada que vi naquele 1 de maio, há exatos 22 anos. Eu ainda ligo a tv toda semana pra procurá-lo no grid, para ver a bandeirinha no alto, a música, o meu pai aumentando o volume as 10h45 e dizendo pra casa toda: “Vem ver! Ele vai ganhar!”.
Não se trata de F-1, meus caros. Nunca se tratou.
Senna foi o espelho do que o brasileiro sempre quis ser e nunca conseguiu. Um vencedor, o copiado e não o copiador. O invejável. O exemplo.
Ayrton não é algo que eu possa explicar a quem não assistiu ao vivo seus super poderes. Mas posso pedir que entendam as lágrimas dos mais velhos neste domingo e não tentem menospreza-la como hipocrisia ou frases como “era só um piloto”.
Senna pode ter sido qualquer coisa. Menos “só”.
abs,
RicaPerrone
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