O “novo” Tardelli
Poucas vezes vi uma estréia como a dele. Foi um São Paulo x Juventude se não me engano. Ele entrou, mudou o jogo, fez lances de efeito e nunca tinhamos ouvido falar dele na base. Era uma surpresa fantástica ao torcedor que nos jogos seguintes já o pedia em campo, ele entrava e resolvia.
Durou pouco. Tardelli logo passou a titular e os gols foram sumindo, as noitadas aumentando, as polêmicas, a tentativa de vendê-lo até se desfazer do jogador por empréstimo. Foi, voltou, foi, voltou. Não rendia mais o esperado. Tardelli era mais uma promessa que não deu certo.
Passou pelo Flamengo, também não foi o promissor atacante que esperavam ter contratado. Até chegar no Galo e lá sim, pela primeira vez, conseguiu identificação com um clube, uma torcida e rendeu mais que o esperado. Chegou a seleção, mas não se manteve. Logo, sumiu de novo lá nas Arábias.
Com 28 anos, Tardelli voltou ao Galo. A única torcida do mundo que acreditava estar contratando um craque era a do Galo. Os outros todos tinham um Diego muito menor em mente. Mas eles bancaram, apoiaram, e um novo Tardelli apareceu.
Esse do Galo sai da área, cria, corre, pede a bola e não some. Usa a técnica na hora certa, não corre a toa, é muito mais maduro e merecedor até mesmo da vaga na seleção brasileira. Talvez não seja aquele “9” nato, e talvez por isso tenha dado mais certo.
Me lembra Muller, que foi um craque acéfalo durante anos correndo e girando até ficar velho e, então, virar gênio. Diego aprendeu uma forma de jogar que o beneficia. Inteligente, sem se colocar como “cabeceador”, nem como o poste que espera as bolas. Uma função quase de meia, quase de atacante, mas hoje moderna e importante.
Tardelli se reinventou a tempo. Eu diria que aos 44 do segundo tempo e, enfim, vingou a promessa de 2oo4.
Com quase 30, nem acho que seja “o cara” pra ser companheiro do Neymar daqui 4 anos. Terá 33, difícil manter o nível. Mas não impossível. Até porque aquele Diego que corria hoje pensa mais do que corre. E cérebro não envelhece aos 33.
Enfim, Tardelli! Aquele que esperei, acreditei, duvidei, detestei, confirmei e hoje vejo em campo parte do “craque” que imaginamos há 10 anos.
Que bom! Pra ele, pro Galo, pra nós!
abs,
RicaPerrone