O que vi na Sapucaí
Não vou repetir o discurso padrão de que é maravilhoso, maior show da terra, etc. Todo mundo sabe, e quem não sabe, deve ir até lá pra saber.
O nível de 2014 foi alto. Muito alto.
Descobri, de vez, que do chão não se vê o que a escola quer mostrar. Talvez por isso a imprensa erre tanto na avaliação do carnaval. Os carros são feitos pra olhar de cima, não de lado. E tudo, absolutamente tudo, é apresentado de baixo pra cima.
Império da Tijuca – Apaixonado. Assim me sinto pela escola. Entrou sem timidez, sem cara de quem veio fazer turismo e já já volta pro grupo A. Levantou, sambou, ousou, se divertiu! E principalmente, “nos divertiu”. A mais grata surpresa do carnaval. Não merece cair de forma alguma.
Grande Rio – A mais bela escola do primeiro dia, achei. Misturando carros não repetitivos, inteligentes, um desfile alegre e um samba que funcionou mais do que o esperado. Acho que briga por título, inclusive.
São Clemente – Não assisti.
Mangueira – Tradicional, um tanto quanto frio, claramente sem dinheiro sobrando. Um desfile comum. O interessante é sempre a entrada da Mangueira na avenida. Não tem igual. As pessoas parecem prontas para ver um desfile da Disney, e ela quase sempre diminui essa euforia. Parte por erros bobos, parte pelo peso do nome que carrega. Não volta nas campeãs.
Salgueiro – Volta, briga por título, belo desfile, mas esperava mais. Talvez porque eu esperasse demais, é verdade. Mas achei que o samba renderia melhor, que haveria mais interação com o público. Mas briga pelo caneco. Um grande desfile. Renato Lage é genial.
Beija-Flor – Então… Vamos lá. Lindo. Brilhante. Incrível. Chato. Morno. Um desfile autista. A comunidade canta, participa, leva a escola nas costas seja qual for o samba, mas faz isso pra ela. A impressão é que a Beija-Flor tem tido uma relação entre ela, a comunidade, a mídia e os jurados. E que o público não está ali. Falta emoção, interatividade, risco! A bateria quase nunca para, a escola não ousa. É quase perfeita, mas não mexe comigo. É gosto. E eu não gosto deste estilo técnico de desfile.
Mocidade – Pobre, com algumas alegorias de mau gosto, uma infeliz idéia de cutucar meio sambodromo com uma camisa do Sport absolutamente sem necessidade, mas com um puta samba e um povo muito disposto a virar o jogo. Não virou ainda. Mas já tomou a bola. Sair aplaudido do sambodromo, pra mim, juro, vale tanto quanto um titulo de jurados. Salve a Mocidade. Mas não volta sábado, acho.
Ilha – Incrível! Enredo sem penas, pavão, faraós, mumias e bois. Simples, de fácil entendimento, se comunicando com o público. Alegre, feliz, brincalhão. Meu conceito de bom carnaval passa muito perto disso. Espero que volte nas campeãs.
Vila Isabel – Não tem o que ser feito se não elogiar a comunidade por tentar salvar e esperar que os jurados a rebaixem por ter desfilado faltando ala, fantasias, pedaços e até gente de calcinha e cuecas. Não é digno da campeã. Não sei o que houve, mas… é injusto com a Sao Clemente não rebaixar uma escola que entra sem roupa na avenida contra quem tentou, ao menos, fazer tudo direitinho. Pra mim, deve cair. Infelizmente.
Imperatriz – A deliciosa homenagem ao Zico rendeu. É bom ver a Imperatriz levantar o publico, coisa que não é muito dela. Bom desfile, bonito, mas muito óbvio, repetitivo, cheio de bola, chuteira e mais nada. Não acho que volte, por mais merecido que tenha sido a homenagem e mais claramente sem inspiração estivesse o carnavalesco sobre o tema.
Portela – Enfim, Portela. Desfile de campeã. Grandioso, colocando o Louzada um degrau acima de onde estava seu nome até então no carnaval. A nova Portela parecia a velha. Aquela, bem mais velha. Pra mim, merece ser campeã. O último carro foi o melhor do desfile.
Tijuca – Eu não entendi o enredo e acho que pode dar confusão. Foi dito que era Senna, e não era. O enredo era velocidade COM o Senna, não sobre ele. Só que desfiles como o da Imperatriz fazem o Paulo Barros ter razão em misturar. Pois entre fazer essa mistura as vezes sem muito sentido e repetir 30 alas, mil vezes misturar o enredo. Disputa o título. E o Paulo Barros é, disparado, o melhor pro carnaval do Rio. Pra quem compra ingresso existe o desfile dele, onde passam 80 minutos olhando e se surpreendendo, e o dos outros, onde dá tempo de sentar, levantar, tomar alguma coisa, enjoar, surpreender, enjoar de novo, levantar, sentar, etc, etc, etc.
O que acho que vai dar?
1- Portela
2- Tijuca
3 – Beija Flor
4- Salgueiro
5- Grande Rio
6- Uniao da Ilha
7 – Imperatriz
8 – Mangueira
9- Mocidade
10 – Imperio da Tijuca
11- Vila Isabel
12 – Sao Clemente
O que aconteceria se eu pudesse determinar o resultado?
1 – Portela
2 – Tijuca
3- Grande Rio
4- Ilha
5 – Salgueiro
6- Imperio da Tijuca
7 – Beija Flor
8- Imperatriz
9 – Mocidade
10 – Mangueira
11- Sao Clemente
12 – Vila Isabel
Enfim. Mais um ano onde volto contestando a forma de se determinar o campeão, a falta de envolvimento com as arquibancadas, o peso de cada quesito e esperando, desde já, uma grande polêmica com as notas. Vai ser apertado.
E viva o carnaval do Rio de Janeiro!
abs,
RicaPerrone