O time de Drogba (Costa do Marfim 1×2 Grécia)
Um dia, assistindo a um jogo de Drogba em 2005, alguém me disse que ele era “de algum lugar na África” e que não estaria na Copa por ser “tipo o Weah”.
Pra quem não sabe Weah foi jogador do Milan, um tremendo centroavante só que nasceu na Libéria e não quis se naturalizar. Nunca jogou uma Copa, pro azar da Copa.
Voltando ao centroavante em questão, fui pesquisar na web e vi que ele era da tal de “Costa do Marfim”. Eu nunca tinha ouvido falar deste país. Talvez por mera ignorancia, talvez por serem novos (1960) e não terem grande representatividade em nada internacionalmente. Seja como for, era um país que eu ignorava a existência.
Tenho considerável facilidade em gostar de africanos. Me remetem a um Brasil não tão distante e que eu de alguma forma gostava. Pelo futebol, ainda mais. São irresponsáveis, divertidos, alegres. Um pouco de tudo aquilo que deixamos de ser.
As cores me deixaram curioso. Comecei a ler e vi uma história interessante de franceses, uma independencia recente, um país muito parecido com o nosso em clima e vegetação. E como tudo que brota do futebol me apaixona, simpatizei fácil.
Até ouvir dizer que dependiam de uma partida para conseguirem sua primeira vaga em Copas, e que Drogba seria o cara a levar esta seleção ao topo. Assim como colocar o país no mapa.
Se não por esporte apenas, o futebol tem uma função educacional incrível. Através dele conheço cidades, estados, países e capitais. Sei nome de bairros, tipos de gente e de clima pelo mundo todo. Através dele hoje conheço a Bósnia, como um dia através de Milla ouvi falar de Camarões.
E eis que pelo futebol cheguei a Costa do Marfim.
Quando soube que estavam classificados tive uma reação involuntária de alegria sem conseguir imaginar o que representa pra um país ser apresentado ao mundo. E quando saiu o sorteio da Copa, eles estreariam contra a Argentina.
O que era simpatia virou quase amor. E roubados numa partida heróica e melhores do que os argentinos nos 90 minutos, entraram na Copa com o pé na porta, como bons africanos que são.
Me encantei. Morri de dó dos caras terem a Holanda no mesmo grupo e sabia que não passariam. Mas foi uma grande estréia em Copas. Uma grande entrada no mapa mundi.
Em 2010 no grupo do Brasil. Vencemos e a Coréia entregou a rapadura pra Portugal os eliminando da Copa sem muita chance. Esperei 2014 para vê-los de perto e jurava que os encontraria no Maracanã no próximo sábado. Comprei ingressos, os únicos que tinha pra Copa até então, diga-se.
Infelizmente o Itália x Costa do Marfim que planejei não vai acontecer. Como ver Drogba numa Copa também não mais. Por um pênalti imbecil, consequência de um contra-ataque de 4 contra 2 que conseguiram não transformar em gol. Digno do futebol africano.
Há 3 Copas eles estão lá. Hoje, em qualquer lugar do mundo, conhecemos a Costa do Marfim. Hoje, no Ceará, o nome de Drogba foi cantado pela torcida como se fosse um dos nossos. E Gervinho, apaixonado pelo Brasil e nosso futebol, aplaudido em pé por nós.
A Costa do Marfim é o meu “xodó” em Copas desde 2006, e hoje me deixou chateado com o duro golpe no fim.
Não porque perdeu. Mas porque eu a perdi e não poderei vê-la pessoalmente.
Quem sabe na Russia?
Valeu, CIV!
abs,
RicaPerrone