Fórmula 1

Oi, Michael!


Tudo bem? Não, né? Eu queria escrever sobre a sua última loucura domingo passado numa corrida de jet Sky no interior da Nova Zelândia pra falar dos seus 50 anos. Mas não dá.

Na real por decisão familiar a gente nem sabe o que pode falar, sobre quem está falando e a real perspectiva que podemos ter de vê-lo de novo.

Sabe, alemão, quando você bateu a cabeça todos disseram que você estava comprometido e eu me lembro de ter escrito algo que dizia que não, que não seria assim. Super heróis morrem ou vencem, jamais se arrastam. E você não pode quebrar essa regra, embora eu entenda que sua família está omitindo tudo exatamente por isso.

Toda vez que alguém diz que você está muito mal eu fico esperando que você apareça na janela em pé dando tchau e surpreendendo o mundo. É idiota, absurdo, mas é o que os super heróis fazem.

O Ayrton é o meu maior super herói. Eu deveria me negar a adorar o seu substituto. Mas você me venceu, convenceu. O meu cachorrinho se chama Michael Schumacher, sabia? Pois é. Ele está velhinho, um beagle, e sei que você ia adora-lo. Sabe como eu sei?

Porque as pessoas talvez não saibam mas eu me lembro da cadelinha que você viu ser chutada no boxe de Interlagos e levou pra Alemanha morar com a sua família. Notícia boa não vende, alemão…

As suas batidas são repetidas até hoje. Histórias como essas e o começo incrível juntando peças do kart dos outros até fazer o seu, não. Essas o mundo não quer ouvir.

Ter pena de alguém tão melhor que eu. Que sensação de merda. E ela não vai embora.

“Feliz aniversário” que fala? Não consigo, desculpa. Tenho um herói das pistas morto, outro em coma. E não sei o que é pior.

“Fica com Deus” então? Não dá. Eu sou ateu e seu estado só me reforça isso.

“Seja forte”? Mais? Pra que? Pra ficar mais anos e anos numa cama? Sei lá se você mesmo deseja isso, quem sou eu pra desejar?

“Obrigado”. Talvez isso.

Pelo esporte, pelo ídolo, pela luta, pela glória e pela história.

E não, cara. Ainda não apareceu ninguém como você. Talvez melhor, mas igual… nem perto.

Fica bem, se der.  Saudades.

RicaPerrone

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