Os craques de terno
Talvez o problema dos bons profissionais que tenham se envolvido no futebol até hoje nunca tenha ficado claro. Alguns acham que fracassaram por “paixão”, outros porque o futebol é amador demais pra eles.
Tenho uma tese mais simples. O futebol não tem receita, e não há curso ou formação no mundo que possa credenciar alguém a lidar com algo que não tem lógica.
Pode melhorar o marketing, administração e as finanças? Pode. Deve. É ótimo que tenham profissionais nestes setores.
Mas tudo isso, inclusive a venda de patrocinio, só funciona se a bola entrar. E pra que ela entre, melhor centroavante do que dirigente.
Essa nova onda de achar que time ganha ou perde por causa de administração é uma burrice sem tamanho. O SPFC ganhou tudo com Juvenal, o Corinthians com Dualib, o Palmeiras com Mustafa. O Vasco do Eurico, e agora recentemente fez ótimas campanhas com Roberto.
E aí? Qualé a desculpa?
Dirigente NENHUM no mundo sabe exatamente o que fazer com futebol. Simplesmente porque o futebol não tem nenhuma lógica e portanto não tem como ser gerenciado com manual de instruções.
A mesma vontade dos caras em fazer dar certo é a sua. E talvez você tenha o mesmo conhecimento sobre futebol que eles. As apostas são meras apostas de torcedores profissionais, pois não há lógica pra se gerenciar futebol.
Não confunda gerenciar o clube com o futebol. O clube pode e deve ser gerenciado por quem entende de marketing, finanças, economia, etc. Mas o futebol é o futebol.
Quando se fala numa nova filosofia e anuncia o Pelaipe, estão dizendo que a “nova filosofia” é na administração. Não no futebol.
Quando se troca de treinador 2 vezes em 4 meses e segue com um time fraco, apostando errado e renovando contratos também de forma equivocada, mostra-se que é a mesma reação que teria qualquer diretoria que não tivesse 10% da moral que os caras tem.
Porque são ruins? Farinha dos mesmo saco?
Não! Claro que não.
Mas porque é futebol, não uma empresa que vende um produto simples e direto.
Não tem receita, certo, errado. Tem apostas. E sejam dirigentes de grife ou sem, vão errar.
Se outro, sem mídia e grife, demitisse um treinador de madrugada, você sabe o que estaria lendo hoje pela manhã. Não está.
Se o marketing de outro, sem grife, diz no placar do estádio o que disseram ontem no Scarpelli, hoje seria piada. Não é.
O mais importante disso tudo é entender agora o que disse há 5 meses. Não é questão de confiar ou não em fulano ou beltrano. É saber, por viver isso e ver de perto como de fato funciona, que não é um dirigente que vai determinar um placar de um jogo.
Roberto Dinamite poderia ser gênio se o Diego Souza chutasse 2 cm pro lado no Pacaembu. E isso é mero exemplo de como as coisas funcionam.
A diretoria do Flamengo não é uma merda pelo time jogar o que joga. Nem é a salvadora da pátria como muitos acreditaram ser.
Quando a bola entrar, serão genios. Se não entrar, burros.
É isso que determina o sucesso ou o fracasso. E pra isso não tem diploma.
Vocês sabiam. Todos disseram saber que seria um ano difícil, teria que ter paciência e os resultados não seriam a curto prazo.
Mas saber e prometer entender também não tem nada a ver com futebol.
Falamos de instinto, sorte, azar, jogo. Não tentem racionalizar isso.
Os muros vão sempre ser pixados. Não por competência administrativa ou não. Mas por uma bola que não entrou.
O protesto é exagerado. A festa em cima dos caras também foi. E qualquer crédito por uma melhora brusca na chegada de um terceiro treinador também será.
São dirigentes. Não craques.
PS – A pixação não gerou o post. O que vi da torcida e das reações de rubro negros por todo país sim. A pixação é óbvio que é orquestrada.
abs,
RicaPerrone