Por amor
Torcedores tem clubes por amor. Profissionais trabalham neles por dinheiro, exatamente como você, torcedor, no seu dia a dia em seu emprego.
Autuori saiu porque disse, quando chegou, que ficaria diante de algumas condições. Assumiu sem acertar salários, e aí, claro, entra algum “amor”. Família, ele, sei lá. Algum sentimento maior, considerando sua condição de treinador dos mais bem pagos do mundo, o fez abrir mão do dinheiro pela “aventura”.
Por amor a torcida quer um time ganhando. Mas nenhum dos jogadores ou funcionários do Vasco pagam aluguel e mercado com amor. É com dinheiro, preferencialmente, aquele honesto suado a semana toda em São Januário.
Há mil formas de se encontrar um culpado. Num grupo, quando nada dá certo, condena-se o comandante. Mas quando o grupo não tem sequer motivos para respeitar o empregador, que não lhe paga, fica complicado comandar.
Autuori, Gaúcho, Guardiola, quem for! Qualquer líder precisa, ao menos, de um grupo que possa ser cobrado.
Ninguém que deve pode cobrar de quem não recebeu. Essa relação é invariavelmente contrária.
Por amor o torcedor quer que corram. E eles até correm. Mas não há amor que pague conta, sustente famílias e faça seu foco ser apenas jogar bola, especialmente quando se trata de garotos não realizados financeiramente e um monte de funcionários que dependem daquilo pra comer.
O Vasco não se leva a sério, e não é de hoje. Pedir que um profissional sério chegue lá e resolva as coisas de baixo pra cima é de uma arrogância ímpar.
Autuori saiu porque tem que sair. Tem que deixar claro para os clubes, especialmente os grandes, que não é mais neste ritmo que se trabalha no futebol brasileiro.
Sem o status de herói que sugeriram quando assumiu, sem contrato. Nem o de vilão que agora podem insinuar, por ter em mãos um material frágil mas, acima de tudo, cheio de razão.
Não se cobra profissionalismo “por amor”. É por dinheiro. E então, no final, cobra-se por resultados.
A ordem é essa. Não tem saída.
abs,
RicaPerrone