Quando a derrota é o menos importante
São 23h46 quando ligo pra um amigo tricolor para falar do jogo que acabei não indo por outros compromissos. Ele atende bem melhor do que eu esperava, sem voz de enterro, com alguma dose de sarcasmo no tom.
Não lamenta, nem defende o time. Só xinga uma vez e muda de assunto.
Eu insisto no jogo. Ele concorda, não reage, muda de assunto.
Então eu faço uma piada, que é pra causar a irritação e a resposta. Ele ri, aceita o golpe e não se importa. O pergunto se está tudo bem, pois sei o grau de fanatismo. Ele diz que sim, que “esperava”, e que será rebaixado domingo.
Eu digo que não, que tem que acreditar, que é só um empate. E ele explica sem ironias que “acha que merece o rebaixamento”.
Desligo. Devo ter ligado errado.
Abro meu instagram e lá na direct tem uma mensagem que diz o seguinte: “Talvez você não leia isso, mas hoje o Fluminense perdeu um torcedor. Não merecemos o que a administração fez com o clube. O apequenou. Prefiro parar de torcer pra essa vergonha e me ocupar com outras coisas. Hoje perdi a vontade de acompanhar futebol”.
Não sei quem é. E sei que ele vai mudar de idéia. Mas sei que de todos os sentimentos do mundo que um clube pode gerar num torcedor esse é o último. A indiferença ao ponto do abandono.
Desistir. Repensar o que você dedica a ele.
A Sulamericana que se foda. Até mesmo a série A, sendo bem honesto. O problema da torcida do Flu hoje não é com a divisão ou com a final. É com a honra.
Eles nem queriam a vaga. Queriam a vitória. Ou um empate injusto de quem merecia vencer. Sair gritando “guerreiros!”e não sair mudo porque nem protestar dá vontade.
Um dia um dirigente do clube disse no Conselho que, para ele, o Flu era o Fullham do Brasil. E então trabalhou até transforma-lo nisso. Quem não sabe o tamanho o peso do que vai carregar quase sempre derruba.
Que merda vocês fizeram com o Fluminense.
RicaPerrone