Redes sociais
Fulano diz em sua rede social que amarelo é melhor que azul. Dos seus 1 milhão de seguidores, 4 mil curtem, outros 200 comentam.
Dos comentários todos o primeiro deles será, por força do sistema do facebook, um que faça uma piada contra, que discorde radicalmente ou que menospreze o autor/marca.
Porque?
Porque o mecanismo do Face é para gerar discussão. E você gera discussão colocando a rejeição imediatamente após o post. Assim, se você for no site da FIAT, terá um comentário muito curtido dizendo que “Carro de merda”. Se você for a fan page do PT, o comentário inicial mais curtido será detonando o partido. E assim por diante.
O que significa, em números simples, que as redes sociais promovem o conflito para gerar mais page views. E que, por consequência, causam uma sensação equivocada de “maioria”.
Exemplo: Em pesquisa recente, entre as 3 celebridades de maior aceitação popular no país estava Luciano Hulk. Não a toa ele é um dos mais fortes garotos propagandas do país.
Basta 2 horas no facebook para você jurar que Luciano é um sujeito odiado pelo povo brasileiro.
Toda atriz muito gostosa tem seguidores. E quando ela posta uma foto de biquini, haverá uma paulada de gente curtindo e uma gorda recalcada pra dizer no instagram do namorado: “Já foi melhor. Tá magra e pelancuda”.
A capa do site será: “Fulana posta foto e recebe criticas”.
Tal qual a campanha do Boticário. Você conhece alguma pessoa que te disse que ia boicotar a marca?
Não, não conhece.
Você ouviu falar que haveria um movimento pra isso. E então, repudiou. Mas se você abrir as redes sociais e tentar enxergar o que de fato aconteceu verá 200 postagens de apoio a marca e nenhuma pregando o suposto boicote.
Conclusão: Meia dúzia de pessoas falaram o que não deviam e 40 milhões discutiram com elas por uma semana. Todas elas sem resposta, porque simplesmente essas pessoas não estavam ali. Talvez nem existam.
O Boticário fez o maior marketing de sua história através de uma “possível” rebeldia de uma dúzia de pessoas contra uma campanha de causa popular. Pronto. Tá feito.
O ibope diz que a maioria das pessoas assistem e preferem os programas de tv que as redes sociais dizem ser horríveis. Os que as redes sociais tratam como febre não dão tanta audiência assim.
Porque?
Porque toda pessoa que assiste, por exemplo, Futebol Americano tem um twitter. O que não significa que isso esteja gerando uma grande audiência à TV.
Resultado na rede social é diferente de resultado em tv, rádio, até mesmo na web! Veja você: Minha fan page é enorme. E os page views do blog dizem que cada um dos meus “seguidores” entram lá 5 vezes por mes.
Eu vendo por 10 vezes o valor de um merchan na rede social um merchan no blog.
Adivinha porque?
Porque as redes sociais não retratam “o povo”, sequer uma boa parte dele. Retratam pessoas sedentas por ter onde expor sua opinião, causa ou recalque.
Ninguém corre pro twitter pra dizer que adorou o último quadro do CQC. Mas corre pra xingar cada integrante do programa se discordar dele.
O preocupante não é como funciona mas sim a leitura que pessoas e mídia fazem. Basta eu entrar no perfil da Paolla Oliveira e dizer: “Engordou” e sou capa da Globo.
As redes sociais são muito bacanas, úteis e importantes. Mas estão muito longe de representar a opinião popular sobre qualquer assunto.
A verdade ainda está na rua. Mesmo que tirando fotos para postar numa rede social qualquer.
abs,
RicaPerrone