Sem bola

Você precisa entender isso pra não enlouquecer

O que é uma rede social? Um ambiente virtual onde pessoas interagem entre si sentadas na sua sala de casa. Ostentam, buscam atenção, divulgam trabalho, reencontram amigos, se informam, mas especialmente, encontram nichos.

Se você é fã do Sorriso Maroto e vota no Lula, a rede vai identificar isso e te dar insistentemente dois conteúdos:

1 – Elogios ao Lula e ao Sorriso Maroto pra sua satisfação em estar ali

2- Críticas a ambos pra você reagir a elas e passar horas interagindo naquele post

A lógica é a seguinte: Você não vai ao supermercado, faz sua compra e volta pra casa postando “Tudo normal hoje no carrefour”. Mas se te venderem um presunto vencido você corre na rede social pra dizer “que o carrefour é uma vergonha e você nunca mais pisa lá”.

Porque? Porque o ímpeto do registro é sempre negativo. Ninguém noticia “tá tudo bem”. E você não posta que “nada de errado aconteceu”. Seu ímpeto é discordar, falar quando incomodado ou afrontado. A rede social vive disso.

Te joga numa bolha onde você passa 90% do tempo vendo o que concorda e te agrada. Sua percepção de outros pontos de vista desaparece, e então você fica mais radical e menos bem informado.

Quando você atinge esse nível ela te dá um contraponto. E nesse contraponto você agride, reage, interage e gera um problema pra você, uma polêmica vazia pra terceiros e muito clique pra rede social.

Ela vende publicidade. Você triplica a publicidade dela quando discorda de algo. Quando gosta, só deixa um like e segue o dia.

Enquanto você se impressionar com reações negativas em rede social você vai se torturar por uma mentira. Num post de 2 milhões de views existem 10 mil comentários, 800 mil likes. Entre os 10 mil comentários existem 200 contra você.

A idéia que você tem ao olhar aquilo é de rejeição. Mas note, são 2 milhões das quais apenas 10 mil tiveram necessidade de comentar. Significa que apenas 0,5% das pessoas quiseram reagir ao que você disse além de um “like”, que é a reação positiva de 800 mil pessoas, portanto, 40%.

Os primeiros posts que vão aparecer são contrários a você. Porque o algoritimo quer o debate, e pra isso você diz “foi penalti” e obviamente quem acha penalti dá like no seu post. Quem não acha dá no primeiro comentário que discorda. E então dos 10 mil comentários os 50 primeiros estão contra você.

Impressão errada. 99% das pessoas que foram atingidas ou não se importaram ou reagiram positivamente. A clara imagem que você tem ao olhar pro post é de rejeição.

O “Dilema das redes” do Nextflix explica isso com clareza. Mas nem todos conseguem ter essa percepção estatística proporcional. Seus olhos são atraidos pela ofensa. Pela crítica. Quando na verdade você está olhando uma multidão te aplaudindo e se importando com 5 pessoas que estão vaiando.

Você responde. Gera polêmica, vira notícia, cria debate, a rede social ganha mais dinheiro e você perde sua saúde.

É um ciclo infininito. Te dou tudo que você quer ver, e você dá like e fica na tela. Quando você está diminuindo eu te dou um soco com o que você não suporta ver, e você fica, reage, multiplica seu engajamento.

É uma leitura simples. Passei os últimos anos rindo de campanhas publicitárias polêmicas com esse perfil. 3 milhões de views, 1 milhão de likes, 20 mil comentários, 500 negativos, e a percepção midiática de que aquilo “ofendeu” a maioria.

Mentira.

Aprenda a entender o porque das reações, a estatística delas e então você vai notar que além da internet ser um grande meio de unir pessoas em torno de uma idéia e fazer com que elas briguem em bando contra quem discorda, é também uma forma de te fazer imaginar que você precisa reagir, pois estão te atacando em massa.

A rua te explica o oposto todo santo dia. Os mais agredidos da web não podem sair nas ruas que as pessoas os abraçam. Os maiores atiradores de pedra mal saem de casa, porque sabem que não estão “seguros” fora do seu bondinho virtual.

Se você puder, saia das redes sociais. Se não puder, como eu, entenda-as. Antes que elas destruam seu psicologico por um trocadinho a mais.

RicaPerrone

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo