Você, corintiano, acha seu time o melhor do país no campeonato e ponto final. Você, sãopaulino, acha que merece a vaga e com alguma sorte até o caneco. Você, rubro-negro, acha que tem o melhor time. E você, vascaíno, acha que é um sonho, mas não é.
Fim de rodada, fim de clássico no Engenhão. Um amigo me pergunta o que separa Corinthians e Vasco, e eu resolvi pensar.
Nenhum ponto, é claro. Critérios de desempate e nada mais. Mas, aquela perguntinha de quem odeia as coisas claras e práticas, insiste em meu ouvido: “Qual merece mais?”.
E eu te responderei sem medo que “merecer”, no futebol, não significa nada. Eu canso de ver o campeão não merecer e o derrotado merecer muito. Mas, por respeito e pela facilidade, o dia seguinte é repleto de “mereceu”.
Na real, mereceu. O que não significa que tenha merecido MAIS do que o outro. Mas, de alguma forma, mereceu.
Se der Vasco ou Corinthians, tá em boas mãos. Os dois fizeram bom campeonato, oscilaram, brigaram, perderam, ganharam, mas chegaram.
A diferença entre os dois times é a mesma que separa o Vasco, hoje, do resto.
Enquanto os times lutam por pontos e um título, o Vasco luta por algo maior que isso. Parece, e eu não sei explicar claramente, que o time do Vasco, a torcida e a história do Ricardo mudaram demais o cenário.
De “candidato” o time foi ganhando corpo, ganhando uma presença impressionante, uma força incomum e um brilhantismo que só ele tem neste Brasileirão.
E não tô falando de toque de letrta. Tô falando de brilho nos olhos, da identificação diferenciada, de uma história incrível e de uma página diferente das outras.
Se qualquer um ganhar, terá uma boa história pra contar. Se o Vasco ganhar, terá “a história” pra contar.
Se o Corinthians for campeão, terá um time campeão. Nenhum ídolo pra representar isso. Se der Fla, Flu ou a maioria dos outros, idem.
O Vasco se dá ao luxo de ter um ídolo atual, novo, identificado e decisivo. “O cara”, sabe? Isso faz diferença numa história.
O torcedor do Vasco olha pro campo e vê seu passado resgatado exatamente por vê-lo em campo. É surreal, mas o último Super-Vasco parece ter voltado para entregar a coroa pro novo.
Felipe e Juninho não representam dois jogadores no elenco. São dois pedaços de história num time que a reescreve.
Todos podem, muitos merecem, mas o único time que brilha os olhos de quem vê em campo é o Vasco.
Porque estou dizendo isso hoje? Porque também acho que é um pouco de “crueldade” dizer isso no dia em que outro for campeão. Então, pra que nenhum campeão brasileiro venha dizer que estou “desmerecendo” o time dele, prefiro dizer agora, sem nada definido.
Eu defendo o mata-mata porque é ele que me dá a parte mais gostosa do futebol, que é o gol no fim, o herói do título, o talismã, o vice heróico, enfim. Eu gosto da história sendo escrita com riqueza para assim ser contada.
Futebol nada mais é do que história pra contar. Seja amanhã cedo, seja daqui 30 anos.
E a história a ser contada neste Brasileirão é a do Vasco.
Mesmo que, no final, não seja.
abs,
RicaPerrone