Por dois dias ouvi a palavra “vexame” em toda rodinha que se falava sobre futebol e, obviamente, a derrota do Inter no Mundial. É claro que não era um resultado esperado, é bem natural que as pessoas se surpreendam.
Mas entre perder um jogo e se tornar um vexame… sei não.
O Inter é bicampeão da América num intervalo de 4 anos, onde sempre brigou pelo Brasileirão, levou uma Sulamericana, um Mundial e alguns estaduais, além de final de Copa do Brasil, grandes nomes, enfim, é protagonista absoluto no Brasil.
Um belo dia, contra um time tão sem compromisso quanto aqueles tantos pequenos que já aprontaram a mesma coisa na Copa do Brasil contra gigantes, ele toma 2 contra-ataques e perde um jogo.
Méritos dos africanos, sem dúvida. Mas não é porque 2 bolas entraram num jogo onde o Inter jogou muito mal, mas ainda assim jogou melhor que o adversário, que o mundo deve cair na cabeça de alguém.
Você já ouve por ai: “Faltou planejamento!”. “Foi oba-oba”, “Foi o Roth”, etc.
Porque nós temos uma mania de procurar “culpa” quando alguém não faz o que esperamos dele. Mas no esporte, facil notar, sempre um lado terá culpa. Pois sempre um ganha, outro perde.
O Roth mexeu mal? Pode até ter mexido…
Houve oba-oba? Não sei, não dormi no hotel deles. E se teve, ainda assim seria favorito.
O planejamento do Inter foi ruim? O que tem a ver a forma de se planejar com 2 contra-ataques? O hotel era ruim? A viagem foi longa? Pô, fala sério…
As coisas tem que ficar mais claras. O Inter tem tido azar nos detalhes na hora de decidir. Mas, quando perde os titulos por aqui, normalmente perde com justiça e pra um grande time. Desta vez, por aqueles acasos que fazem o futebol apaixonante, ele perdeu pra um time fraco e desconhecido.
Que aliás, pelo que vimos, não são tão fracos assim. São inferiores ao Inter, mas não são uma aberração da natureza.
É ruim, triste, surpreendente, etc.
Vexame?
Não.
Ir ao Mundial porque venceu a Libertadores da América e por um azar do destino, uma dose de culpa e outra de méritos do rival perder um jogo em 2 lances não é vexame.
É apenas futebol.
Aquele que quando é com os outros, é vexame. Quando é antigo, é apaixonante. Quando é com o nosso time, é revoltante.
O Inter perdeu um jogo que não devia. Só isso. Só perde um jogo desses quem chega lá pra disputá-lo.
Dizem: “Se é pra ir fazer isso, melhor nem ir!”
E talvez por isso tantos e tantos que riram muito na terça-feira não vão.
O protagonista do “vexame” foi o time de melhor desempenho em 2010 na América do Sul.
E isso não me soa como vexame.
abs,
RicaPerrone