Copa do MundoSeleção Brasileira

“Eu não sabia!”

Não que eu realmente acredite que alguém soubesse. Mas eu confesso, “não sabia”.

Eu nunca imaginei que o time de 2013 pudesse não conseguir repetir o que já provaram ser possível fazer juntos. Eu não acho que o técnico que era unanimidade em 12 de junho de 2014 possa ser um completo imbecil no dia 12 de julho de 2014.

Eu não sabia.

Nem no meu pior pesadelo imaginei o time jogar tão mal, sem meio campo e sem “brasil” em seu toque de bola.

Um time que não sorri. Só tentava evitar perder, bem diferente daquele que em 2013 tentou calar a boca de todos, e calou.

Talvez a seleção tenha mesmo um problema eterno com o favoritismo. Diz a história que sim, e no momento de maior favoritismo de sua história, também o mais trágico final.

Eu nunca atrelei a seleção ao momento do futebol brasileiro. Estamos com problemas no futebol brasileiro há décadas, e a seleção vai muito bem, obrigado. Portanto, coerentemente, não posso querer dar a este final de Copa o rótulo de “a verdade absoluta”.

Nem ignora-lo.

Mas podemos fazer dele um marco, como em 1950.

Podemos talvez lembrar que isso tudo é responsabilidade nossa. Que quem levou o futebol brasileiro ao patamar mediocre de entrar em busca de 3 pontos custe o que custar fomos nós após 82/86, especialmente nos últimos anos quando os comentaristas que hoje detonam o futebol da seleção babavam pelos títulos do Muricy.

Sejamos coerentes, honestos, menos debochados de nós mesmos.

Ninguém sabia.

Nosso problema era o Fred, nunca o David Luiz, autor das falhas mais determinantes nas duas goleadas finais.

Nós nunca olhamos pra defesa com medo dela ser vilã, e veja você, quem mais errou no fim foi ela.  Nós não temos na memória um gol perdido do Fred na Copa. Mas ainda assim passamos 30 dias dizendo que ele não prestava.

Nós não temos critério pra avaliar futebol quando a seleção está em campo. Queremos que ela nos devolva todo jogo algo que nós mesmos obrigamos nosso futebol a perder: magia, alegria e comprometimento com sua história.

Nós vendemos nossa história por qualquer um a zero de pênalti roubado. Essa é a real. Em nossos clubes, se a bola entrar, foda-se como entrou. E é assim que tratamos futebol.

Por favor, não me diga que os últimos dois jogos do Brasil refletem agora, no fim de julho, um processo de mais de 30 anos onde ignoramos o que somos em troca de não perder.

A Holanda joga o mesmo futebol há 100 anos e nunca ganhou uma Copa. Sai de cabeca erguida. Nós, que ganhamos 5, fomos a 7 finais, somos os donos do mundo quando se fala em futebol, saímos humilhados.

Não pela Alemanha, que nem deu “olé” na gente. Mas pela nossa mentalidade de acreditar que só quando chegamos no fundo do poço paramos pra pensar onde estamos indo.

Que vire um marco. Um momento para menos idiotas gritando “eu avisei” e mais sábios e bons brasileiros repensando os aplausos após o próximo 1×0 mediocre do seu time no Brasileirão.

Meus sentimentos a todos que torceram e sofreram com a seleção nessa Copa. E aos que acham graça, especialmente.

Fomos nós que perdemos de 7 pra Alemanha, nós que perdemos de 3 pra Holanda.

Somos nós os culpados. Eles, a conseqüência.

abs,
RicaPerrone

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