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Redentor


Eu me lembro da fama. Quando eu era moleque o Renato era um cara que os intelectuais da bola já desmereciam por tratar-se de um “nervosinho”,  “marrento”, “mulherengo”,  esse último aliás chegou a ser dado como um defeito, veja você.

Os anos passaram ele foi ficando mais velho e portanto mais irregular. E quando decretavam que ele não faria mais nada especial, fez talvez o gol mais comemorado da história do Fluminense.

E o tempo passa, Renato segue apanhando por seu jeitão não engravatado de ser.  Enquanto alguns enganavam com mil cursos e fala bonita, Portaluppi levava o Fluminense a final da Libertadores.

E ainda assim, criticado pela mídia.

Não é aceitável que alguém que ignora completamente todas as sugestões de como você deve ser e seja simplesmente você mesmo e dê certo. Renato é um soco na cara. Aliás, vários.

“Não dá! Boleirão! Nunca será treinador”.

Pois é.

E no Grêmio, acredite, ousaram sugerir que ele estragaria sua história feita ali. Como se fosse possível apagar as mais belas páginas da história de um clube como o Grêmio.

E lá foi ele, de calça jeans e camisa. Tipo “bonitão”, agora versão George Clooney, com cabelos mais brancos. Ainda “mulherengo”, ainda carioca, ainda gaúcho, ainda falando o que quer, respondendo como prefere e não como esperam. Só que agora sem sequer permitir o “mas”.

Não tem “mas”.

Renato foi craque. Renato foi ídolo. Renato foi um raro sujeito de personalidade a não se dobrar pra ninguém em 40 anos de futebol. Renato virou treinador. Renato fez história onde passou. Renato errou e pediu desculpas. Acertou e colheu os aplausos.

Ainda hoje consegue ser cobiçado pelo time mais popular do país e dizer “quero mas agora não dá”. Fica no seu clube de coração, faz um suspense toda vez que chega uma oferta e valoriza o “fico”.  Um “galinha” difícil, quem diria?

Que importa o que ou quem diria? Renato sempre foi o mesmo cara e é por isso que ele virou estátua enquanto a maioria vira lembrança.

Eternizaram o eterno. Imortalizaram o imortal.

Renato, o Gaúcho, é tão carioca que virou uma estátua de braços abertos pro povo ver e reverenciar. Te lembra alguém?

RicaPerrone

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